O MBL é um fenômeno, goste-se dele ou não. Em pouco tempo, uma gurizada de que ninguém tinha ouvido falar se criou, ajudou a derrubar uma presidente e agora parece ter vários fiozinhos na mão que usa para comandar decisões de partidos inteiros. Não bastasse, pode ter peso decisivo em 2018.
O movimento é relevante demais para quem quer entender a política brasileira atual. Mas o que tem de relevância falta em transparência, o que dá origem a mil boatos sobre quem financia o grupo e suas atividades e sobre quais são seus verdadeiros objetivos.
Por isso, a reportagem da Piauí sobre o MBL, vendo do lado de dentro um grupo de WhattsApp em que os principais líderes estão presentes, causa um certo furor. Não só em quem está do lado do movimento e estrila como em quem está contra e quer saber melhor como funciona esse negócio todo.
O mais curioso parece ser descobrir afinal qual é, nas palavras dos próprios integrantes, o projeto do MBL para 2018. Segundo fica claro pela reportagem, não é o PSDB, mas pode ser João Doria. Nas palavras de um deles, Doria e ACM Neto é o gabarito.
Mas há mais, há o pano de fundo. Porque os nomes são só a fachada, o que corresponde aos ideais. O que dá forma ao plano é a coalizão de interesses que o grupo imagina ser possível (ou necessária). E aí vem uma curiosidade, uma estranhice.
Conservadorismo
“Espero, de coração, q a tese q a gente defende (aliança entre setores modernos da economia + agro + evangelicos) seja aplicada). É a melhor forma de termos um pacto político de centro-direita, q dialoga com o campo e com a classe C.”
O MBL começou como um movimento liberal, no sentido econômico do termo. Quer a menor intervenção possível do Estado na economia. Imaginava-se, de início, que seria também liberal nos costumes: a favor de que cada um viva sua vida como quer.
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O que a inclusão de setores mais conservadores faz parecer é que cada vez mais o movimento ruma para a direita tradicional, fiscalizadora dos costumes.
Isso pode explicar a atuação recente do grupo, denunciando artistas como pornógrafos e universidades como antros de maconheiros.
E o que parecia uma novidade maior vai cada mais se resumindo a uma estratégia nova – para mascarar os mesmos interesses políticos que governam o Brasil há muito tempo.
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