Pela primeira vez em trinta anos, o governador paranaense não será um ex-prefeito de Curitiba. Desde a eleição de Roberto Requião para seu primeiro mandato, em 1990, só políticos que construíram a carreira na capital chegaram ao Palácio Iguaçu. O último vindo do interior foi Alvaro Dias, em 1986, há 32 anos.
Os políticos de Curitiba dominaram o cargo com Requião (um mandato), Jaime Lerner (dois), Roberto Requião (mais dois) e Beto Richa (outros dois). Os representantes do interior precisaram se contentar com mandatos-tampão quando os titulares renunciaram, exatamente como no caso de Cida Borghetti.
A ausência de representação do interior sempre foi alvo de reclamação dos políticos das grandes cidades, principalmente porque algumas regiões se veem quase como regiões “independentes” de Curitiba. O norte do Paraná sempre se viu próximo a São Paulo, e o Oeste e o Sudoeste, aos gaúchos.
A reclamação é de que os políticos de Curitiba não conheceriam os “verdadeiros problemas” do interior. Se for verdade, dessa vez haverá uma reversão de prioridades.
Ratinho se criou na capital, mas é nascido em Jandaia e tem grande base no interior. Na campanha para prefeito de Curitiba, começou a propaganda tocando música sertaneja e relembrando suas “raízes”. Cida morou em Curitiba, mas sua base eleitoral está em Maringá. Osmar Dias nasceu em São Paulo e se criou também em Maringá.
Leia mais: Rumo à eleição: Cida se explica com Beto; Alvaro e os robôs; mais uma pesquisa contestada
No entanto, todos os três principais candidatos sabem que precisarão ter um pé em Curitiba. Por isso, a tendência é que vários deles escolham vices da capital, numa inversão do que se via nas eleições passadas.
No caso de Osmar Dias, o principal cabo eleitoral curitibano é o ex-prefeito Gustavo Fruet. Ratinho tem seus votos aqui: chegou a fazer um terço do eleitorado em 2012, e agora aposta na aproximação com empresários da Fiep e Fecomércio para reforçar sua posição. Cida terá o apoio de prefeitos: Beto Richa, Luciano Ducci e o atual, Rafael Greca.
Como a capital tem, somada à região metropolitana, quase um terço dos eleitores, essa divisão dos votos de Curitiba pode ser decisiva no resultado da eleição.