Quando chegou a hora da renúncia de Beto Richa, todo mundo sabia que isso faria toda a diferença para a campanha de Cida Borghetti. Principalmente porque ela teria a “máquina” do governo na mão. E todo mundo sabe o quanto isso pesa.
Mas a tal “máquina” na verdade só tem o peso que tem porque existem carências a ser atendidas. Muitas. Se o governo fosse forte e o cidadão não precisasse de muita coisa, a coisa seria menos assimétrica. E ter o governo nas mão seria menos importante, eleitoralmente.
O que faz o governo ser uma máquina de eleger gente é, principalmente, a penúria dos municípios. O bolso vazio dos prefeitos, que são obrigados a peregrinar semanalmente a Curitiba para ganhar um afago e um chequinho para tapar os buracos da última chuva.
Na semana em que completou dois meses de governo, Cida anunciou que repassou R$ 2,5 bilhões para os municípios. Todas as 399 prefeituras (ou melhor, todos os 399 cabos eleitorais que governam cidades) receberam o seu quinhão. E ficam devendo um favor a Cida.
Todo mundo sabe que as prefeituras são o primo pobre da política nacional. Que grande parte das cidades nem tem como pagar as contas básicas sem ajuda externa. E aí qualquer chuva de granizo obriga o prefeito a implorar auxílio do seu deputado. Que pede de joelhos ao governador. E todo mundo vai cobrar a conta uma hora ou outra.
O tal “pacto federativo”, embora seja um assunto chato como eliminação do BBB, precisa mesmo entrar na pauta. Mudar isso seria uma verdadeira reforma política. Mas, claro, se deixar na mão da raposa a porta do galinheiro vai sempre ficar aberta.