Luís Abi, que deve ir para a cadeia nesta quarta-feira pela terceira vez, foi por um bom tempo o segredo mais bem guardado do governo Beto Richa (PSDB). Dentro do Palácio, tinha trânsito livre e operava grandes esquemas. Do lado de fora, era um desconhecido.
Como não tinha cargos, a imprensa mal sabia de sua existência. Em algum momento da virada do primeiro para o segundo governo, seu nome começou a vazar. Um repórter de política da cidade, alertado por alguém que sabia das coisas, foi buscá-lo no Google: achou uma única foto, que printou e colou em sua baia, para mantê-lo em vista.
O governo fazia de tudo para manter o sigilo sobre Abi. Ficou famosa a história de uma foto em que o primo do governador aparecia ao fundo, durante uma reunião de Beto com um cônsul. Era uma imagem distante, vaga. Mas logo a foto foi retocada no Photoshop e Abi sumiu.
A primeira vez que o grande público soube da existência de Abi foi quando o prenderam na Operação Voldemort – um crime de fraude à licitação que virou brincadeira de criança perto do que se revelaria mais tarde. Uma oficina laranja estaria consertando carros do governo de Beto. O governador, que vivia ao lado de Abi, passou a chamá-lo de “primo distante”.
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Mas as investigações continuaram e Abi foi aparecendo em esquemas cada vez mais sérios. Neste mês, foi preso pela segunda vez, agora pelos desvios nas patrulhas do campo. Acabou solto, como todo mundo neste país, por Gilmar Mendes.
Nesta quarta, saiu o terceiro mandado de prisão, relacionado com pedágio – o que só reforça a impressão de que o homem, como haviam alertado lá atrás, estava em todas. Já são três prisões (dá pra pedir música no Fantástico?) por motivos bem diferentes e que mostram que Abi era, de fato, um primo distante de Beto apenas do ponto de vista genealógico.