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Quadro do Zorra Total, da Globo, mostra Escola sem Partido como histeria desonesta

O Escola sem Partido tomou seu maior revés até hoje na noite deste sábado, em rede nacional de televisão. Até agora, instituições bem mais sérias como a UFPR e juridicamente relevantes, como a OAB, vinham alertando que o projeto não passa de uma bobagem. Mas agora um ator bem mais influente entrou em cena:a televisão.

No programa Zorra Total, da Globo, um quadro de pouco mais de três minutos satirizou o projeto de lei que tenta eliminar a “doutrinação ideológica” nas escolas de maneira feroz. A caricatura foi pesada, como acontece nesse tipo de humor. Mas mesmo pesando a mão, foi baseada em fatos reais.

No esquete, um sujeito invade a aula de uma professora de matemática assim que ela lê o enunciado de um problema. É claro que se trata de doutrinação, diz ele, já com dois assessores, um deles filmando tudo para pôr nas redes sociais.

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As provas? A professora que que o Joãozinho do problema “divida igualmente” os morangos que tem. Quer coisa mais socialista? E por que justamente morango, uma fruta vermelha? O viés da professora está estabelecido e, estupefata, ela não só é denunciada como colocada para fora da sala de aula.

Enquanto isso, o histriônico político defensor da Escola sem Partido chama o “novo professor”, identificado apenas como um ex-ator pornô que agora virou defensor da moral e dos bons costumes. E que, por acaso, tem uma ligação com o político.

Adversário à altura

É fácil para os políticos que pretendem aprovar o Escola sem Partido ignorar a OAB. A população nem sabe o que faz a ordem, muito menos se importa com seus pareceres. A CNTE? Quem liga para ela? Mas a Rede Globo tem peso. E o vídeo, claro, já está correndo as redes sociais (este blog, por respeitar questões de direitos autorais, não reproduz aqui o esquete, que pode ser visto na íntegra aqui).

O quadro pega nos dois pontos mais importantes do projeto. Um é a histeria, que vê doutrinação em tudo. Claro que existem professores que abusam da sua influência em sala de aula (tanto de esquerda quanto de qualquer outro tipo, inclusive religiosos). A história da divisão igualitária dos morangos (“Vamos ter um bolsa-morango agora?”, pergunta o político) é engraçada por isso.

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O outro ponto é o fato de que na verdade ninguém que defende o Escola sem Partido quer de fato uma escola “neutra”, até porque nada neste mundo é neutro. Apenas o “partido” defendido é outro. Afinal, uma escola que não ensina a pensar criticamente é uma escola que já tomou o partido de quem está no comando das coisas hoje.

A ironia e o sarcasmo são muito mais difíceis de responder do que os argumentos racionais da ordem. E a Globo, querendo ou não, usou o mesmo tipo de argumento que os defensores do Escola sem Partido usam: fez exageros, caricaturas e eliminou qualquer sutileza da questão. Afinal, para combater alguém que está fazendo um discurso desonesto, o humor talvez ainda seja a melhor resposta.

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