O discurso dos vereadores da base de Rafael Greca parecia um só depois da suspensão da sessão desta terça-feira: todo mundo falando que a prefeitura de Curitiba só tem como manter os salários em dia por dum ou dois meses a partir daqui. Ou seja: se a Câmara não aprovar o ajuste fiscal, os servidores poderiam receber o salário de agosto já parcelado.
O líder de Rafael Greca na Câmara, Pier Petruzziello, já havia cogitado a hipótese na semana passada. O próprio prefeito fez um comentário em um post sobre o assunto dizendo que se tratava de “verdade pura”.
Em entrevista à Rádio CBN Curitiba, o prefeito disse literalmente o mesmo. “Se não votarmos o plano de recuperação, vamos falhar no pagamento da folha antes do final do ano”, afirmou. “Eu tenho o maior interesse em pagar a folha em dia, em pagar o décimo terceiro em julho, em dar o reajuste ainda neste ano”, disse.
Nesta terça, vários vereadores diziam o mesmo, tendo ou não ouvido a notícia da própria prefeitura. “Não é só discurso. É real. Se não aprovarmos este plano a prefeitura pode não ter como pagar os salários em dia já aqui a dois ou três meses”, diz a vereadora Julieta Reis.
Os vereadores também falam em suspensão de serviços públicos básicos. “Se não paga quem recolhe o lixo, não vai ter recolhimento de lixo. Se não paga quem fornece remédio, não vai ter remédio”, diz a vereadora.
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Os vereadores e a prefeitura tentam convencer os servidores e a população de que o ajuste não é uma questão de escolha, mas a única saída para que as finanças municipais possam dar conta minimamente do recado. Na semana passada, o próprio Rafael Greca fez um vídeo dizendo que era necessário que se aprovasse o plano para “desatar suas mãos” para que ele pudesse governar.
Entre os itens do pacote fiscal estão o refinanciamento de dívidas com fornecedores (alguns com pagamentos de 2016 atrasados); o aumento de impostos; o aumento da contribuição previdenciária dos servidores; o uso de R$ 600 milhões do fundo de previdência para pagar contas da prefeitura; e a suspensão do plano de carreiras dos servidores – que também estão tendo o reajuste anual adiado de março para outubro.
Com a terceira invasão da Câmara pelos manifestantes, a discussão sobre o plano ficou para para a próxima semana. Se não houver a aprovação, pode ser que o recesso parlamentar seja adiado.
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