O grito dos servidores municipais na Câmara nesta segunda era exatamente o mesmo que dois anos atrás soou na Assembleia. “Retira ou não sai.” Ou seja: ou se tira de tramitação um projeto, ou os parlamentares ficam sitiados. Nos dois casos, trata-se de reformas da previdência do funcionalismo.
Mas há diferenças fundamentais. Em 2015, os servidores do estado conseguiram uma vitória histórica sobre Beto Richa e a “bancada do camburão”. O sítio à Assembleia, com milhares de pessoas, mostrou a força do sindicalismo. À beira de um desastre, de um massacre que seria filmado e exibido nacionalmente, Beto Richa recuou. (Dois meses depois passaria por cima dos pudores para aprovar uma reforma semelhante, no 29 de abril.)
Na noite e madrugada desta segunda, os servidores de Curitiba queriam algo parecido. Não passaram nem perto do alvo. Houve duas diferenças importantes. Primeiro, o número de manifestantes. Enquanto a Assembleia ficou cercada por uma multidão que fazia tremer o prédio, o sindicalismo municipal que protestava nesta semana coube num corredor.
A segunda diferença: os servidores municipais não conseguiram ainda mobilizar a população, que parece no momento hipnotizada com Brasília e não parece estar dando a mínima para a previdência municipal. Sem apoio popular nem visibilidade, fica fácil para o prefeito ignorar a causa – fica parecendo que os descontentes são meia dúzia de gatos pingados em um corredor que ninguém vê.
Numa situação dessas, a manifestação ganha ares de cárcere privado mais do que de grande reivindicação popular. Encerrando: ou o sindicato consegue mais apoio ou seus manifestantes vão parecer apenas uns lunáticos dispostos a quebrar a lei: e os vereadores dispostos a tudo em nome do prefeito ainda serão abraçados pela população, que os verá como vítimas de um movimento intolerante.
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