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Risco de golpe é real? Declarações de generais fazem temer novo 1964

General Villas Bôas. Foto: Marcelo Camargo/ABr (Foto: )

Quem não viveu 1964 tem dificuldades para entender 1964. Como pode uma democracia de repente se ver tomada de gente que quer o Exército tirando um governo legítimo do poder? Como é possível que se aplauda um golpe? Quem não viveu 1964 precisou viver até 2018 para começar a entender.

As declarações de generais da reserva e da ativa nesta terça, encabeçadas pelo próprio comandante-geral do Exército, foram uma mostra de que o monstro não morre nunca. Não houve sutileza, embora alguns tenham se negado a entender.

As meias palavras do general Villas Bôas, falando em ordem, fim de impunidade e respeito à lei foram respondidas com continências, juras de que os militares estão prontos para agir e apoio de milhares de seguidores que apoiam a ideia de um golpe.

O que começou em 2013 como marchas de caráter difuso “contra tudo isso que está aí” virou um protesto encampado pela direita moderada contra um governo corrupto; mas na ânsia de demonizar a esquerda em nome de um projeto de poder, essa direita não percebeu que estava, na verdade, reacendendo o pavio.

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Assim como o PT não conseguiu parar o impeachment, o PSDB não conseguiu parar o movimento no ponto em que gostaria: na posse um presidente fantoche que prepararia a volta dos tucanos ao poder. O povo demonizou não só Lula e Dilma, mas todos os políticos profissionais. Voltou o salvacionismo antipolítico.

Pelo voto, a via favorita de muitos virou Bolsonaro. Mas há quem nem queira esperar. Fala-se em intervenção militar constitucional, o que não existe – mas fala-se nisso porque certos poderes constituídos e nem tanto flertaram com ideias pouco democráticas.

Carlos Lacerda destruiu um governo depois do outro, na esperança de ser presidente. Apoiou o golpe em 64. Acabou preso pelo monstro que ajudou a criar. Na cadeia, encontrou Mário Lago, comunista que enfrentou a vida inteira. E perguntou se podiam, ali, ser solidários na dor. Podiam.

Nesse momento, quem crê na democracia tem de ser solidário contra quem não crê. É a opção que nos resta para evitar a repetição do que nunca deveria ter acontecido.

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