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Seis lições que o “caso Geddel” nos ensina sobre o governo Temer

O escândalo de Geddel Vieira Lima ilustra de várias maneiras diferentes o tipo de política que está por trás do governo de Michel Temer. A história, envolvendo a tentativa de liberação de um prédio numa área em que o Iphan não permite, mostra de diferentes modos tudo aquilo que é desprezado pelo atual primeiro escalão.

1- O escândalo começa no Ministério da Cultura. Marcelo Calero nem deveria estar no ministério. Aliás, por Temer, nem deveria haver o ministério: lembra? Quando assumiu, Temer tinha intenção de não manter o ministério. Depois, não achava um ministro. Para a função, várias mulheres recusaram o convite (ele convidou mulheres porque “percebeu” que só tinha chamado homens para o primeiro escalão).

Na ausência de outras possibilidades, chamou Calero. Que se mostrou menos “confiável” do que se poderia imaginar. Temer não tinha ninguém confiável, de seu grupo, para a área. Por que será? É significativo que depois da queda de Calero tenha chamado um político das antigas para seu lugar.

(É curioso como há muita pressão para autonomia na economia, mas na cultura ninguém sequer se importa se o ministro um dia na sua vida aprendeu alguma coisa relacionada à área. Por que a exigência “técnica” só vale para a economia?.)

2- O escândalo tem sua raiz em Geddel Vieira Lima. Um dos grandes símbolos de que o governo Temer, assim como todos os outros antes dele, depende dos mesmos figurões de passado sujo para se manter no poder.

Geddel tem passado de fartas denúncias e de problemas com a justiça. Ninguém interessado meramente em currículos o contrataria. É chamado para governos que querem o tipo de articulação política mais rasteira, na base da troca – aquele tipo de política que era tão questionado antes da queda de Dilma.

3- A história mostra o desprezo do governo pela lei e pelos técnicos. Pela história e pelo patrimônio histórico. Pela igualdade entre os cidadãos. Mostra que o interesse de um ministro, de alguém privilegiado dentro da estrutura do governo, deve valer mais do que um parecer técnico e independente do Iphan.

Mostra que o conceito básico por trás do primeiro escalão é de que deve haver uma espécie de “solidariedade” entre os que compõem o governo. Para quem não lembra: em 2010, quando foi chamado a ser vice de Dilma, Temer organizou um jantar para o PMDB (sempre os jantares…) e chamou o partido a “partilhar” do governo. Está aí a partilha.

4- A queda do denunciante e a permanência do denunciado mostra como funciona o critério de justiça no governo. Evidente que Calero não sairia se achasse que tinha respaldo para fazer a denúncia e continuar onde estava. Saiu porque não tinha como vencer a batalha como o modus operandi do governo.

5- Foi impressionante a reação do Congresso Nacional, com o colégio de líderes imediatamente demonstrando solidariedade irrestrita com o denunciado.

6- Geddel chorou. Disse que é normal o que fez. Claro que é normal. Anormal, do ponto de vista dele, foi a reação de Calero. Mas agora, com Roberto Freire na pasta, talvez essa anormalidade esteja resolvida.

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