O governo do Paraná anunciou no fim de janeiro um superávit bastante impressionante para 2017: R$ 1,9 bilhão, para um ano em que a economia ainda está com problemas. O governador Beto Richa se autoincensou por ter conseguido isso, e disse que o mérito foi de seu ajuste fiscal.
Em certo sentido, o governador tem razão. Especialmente se estiver se referindo à parte do ajuste fiscal que, mês a mês, vem salvando o estado do vermelho – e que lá atrás salvou o atual governo da insolvência que seria uma decorrência natural da gastança do primeiro mandato.
O superávit do governo é apenas um pouco maior do que o que o governo vem sacando continuamente da poupança previdenciária montada pelos governos anteriores – principalmente com as contribuições do próprio funcionalismo. Foi em boa medida para isso que Richa fez o “ajuste fiscal” – e foi isso que levou os servidores, já na época, a se revoltar.
Richa topou a repressão violenta do 29 de abril porque queria pôr a mão em pouco mais de R$ 130 milhões por mês. Esse dinheiro estava no fundo previdenciário. Deveria ser usado daqui a décadas, para pagar aposentadorias. O governador decidiu torrar a montanha de dinheiro já, tirando esses aposentados da folha paga com dinheiro do caixa.
Assim, milagrosamente, passou a sobrar dinheiro. Claro, não foi só isso. O governo também duplicou a fatia de lucros de Copel e Sanepar que embolsa a cada ano; fez uma venda bilionária de ações da Sanepar; negociou dinheiro que estava parado no caixa do Judiciário; aumentou IPVA; aumentou ICMS; taxou aposentados; descumpriu a lei que mandava dar a inflação para o funcionalismo.
Mas tudo isso apenas cobria o vermelho. Vermelho, repita-se, que o governador incentivou até a véspera de sua reeleição, numa irresponsabilidade fiscal gigantesca.
Para sobrar algo, só mesmo com o gasto do que foi acumulado por terceiros. A cada ano, o governo vem retirando cerca de R$ 1,6 bilhão desse caixa. E isso, lá na frente, pode fazer muita falta.
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