A Unespar, universidade estadual que atende 12 mil alunos espalhados pelo Paraná, anunciou que pode paralisar as aulas e suspender o calendário acadêmico a partir do mês que vem. O motivo é a falta de dinheiro para pagar todas as contas necessárias para o funcionamento.
O Conselho de Planejamento, Administração e Finanças da Unespar (CAD) emitiu uma carta pública afirmando que sua dívida cresce mês a mês pela falta de repasses do governo do estado. Em 2015, a dívida com fornecedores era de R$ 2,5 milhões. Neste ano, já começou em R$ 3,6 milhões.
“É uma situação simples. A gente não tem como pagar todas as contas. Precisamos de R$ 16,6 milhões de custeio e nosso orçamento é de mais ou menos metade disso”, diz o pró-reitor de Finanças e Administração, Rogério Ribeiro. “Não é má administração. Simplesmente os recursos não cobrem o custo da universidade”, afirma.
O governo do estado afirma que está fazendo todos os repasses necessários. Segundo nota da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, “não há atrasos no repasse de recursos para a Unespar”.
“Até o momento foram liquidados R$ 4.853.137,00 milhões para custeio (despesas correntes) da cota orçamentária para o primeiro semestre que é de R$ 7.031.835,00 milhões. No dia 10 de junho foram descontingenciados R$ 1.517.230,00 do saldo bloqueado da universidade”, diz a nota.
Segundo o governo, o orçamento previsto para a Unespar em 2016 para custeio é R$ 8.912.098 milhões, cerca de 25% a mais do que foi aplicado na universidade no ano anterior. Em 2015 foram executados R$ 6.708.065 milhões.
Ribeiro rebate dizendo que, do ponto de vista técnico, os repasses estão realmente sendo feitos em dia. “Mas o orçamento é insuficiente. O governo sabe disso. Ou seja: o governo reduziu o orçamento em 2015, alegando dificuldades econômicas. E agora diz que é necessário manter o mesmo orçamento porque só isso foi gastos efetivamente no ano anterior.
Segundo a carta pública do CAD, se não houver uma suplementação de R$ 7 milhões, a Unespar terá de parar. Com isso, a Escola de Música e Belas Artes e a FAP pararão em Curitiba, além de cinco outras unidades em União da Vitória, Apucarana, Paranavaí, Paranaguá e Campo Mourão. Seriam interrompidos os trabalhos de 970 professores.
No ano passado, a universidade, terceira maior das estaduais paranaenses em número de alunos, já teve paralisações. Neste ano, houve a sugestão de nem iniciar o calendário acadêmico caso não houvesse revisão orçamentária.
De acordo com o governo, “representantes da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e da Secretaria da Fazenda (SEFA) estão realizando reuniões periódicas, com os reitores e equipes administrativas de cada uma das universidades estaduais, para discutir uma possível ampliação de recursos, desde que seja comprovada a necessidade e exista disponibilidade orçamentária”.
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