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Vergonha de votar em Bolsonaro pode explicar diferença entre pesquisas
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Os dois últimos levantamentos de intenção de voto para a Presidência da República mostraram diferenças consideráveis e causaram uma polêmica. Jair Bolsonaro, candidato pelo PSL, veio a público reclamar do Datafolha, que mostrou outros candidatos ganhando dele em segundo turno.

É normal que institutos diferentes, com metodologias diferentes, apresentem resultados que não sejam idênticos. A estatística é uma ciência que exige certas formalidades, mas nunca vai ser possível eliminar as margens de erro. O problema é descobrir quem pode estar mais perto da verdade…

No caso de Bolsonaro e dos dois institutos, há uma lição que pode ser tirada da eleição americana, de dois anos atrás. Donald Trump era dado como derrotado pelos institutos de pesquisa até o momento em que as urnas foram abertas. E, embora tenha tido menos votos que Hillary Clinton, levou a eleição.

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Uma das teorias que circularam nos Estados Unidos, entre cientistas que pesquisam a área, é que os eleitores de Trump tinham vergonha de admitir ao entrevistador o seu voto. Quando a pesquisa era online, porém, e não havia essa interação, os índices do republicano aumentavam. (Outros especialistas, como Nate Silver, negam a tese.)

Isso seria uma situação típica de quando um dos candidatos é visto como muito radical, tendo posições que não são socialmente aceitas – o que, evidentemente, é também o caso de Bolsonaro, que defendeu ou defende ditadores, torturadores e expressa preconceitos a toda hora.

Os eleitores de Bolsonaro podem ter se sentido mais à vontade para revelar seu voto ao poder 360, que faz a pesquisa por telefone, do que ao Datafolha, que faz entrevistas presenciais. Além de tudo, a entrevista do DataPoder360 é feita por um robô.

O próprio instituto afirma em seu site que a metodologia pode ajudar a captar resultados mais precisos.

“É mais fácil que o entrevistado se sinta à vontade falando e olhando nos olhos do entrevistador ou apenas digitando 1 número no teclado do telefone? Com o ambiente político polarizado, há neste momento em 2018 uma parte do eleitorado que se sente constrangida se precisa revelar em público o voto em determinados candidatos considerados mais extremados. Ao telefone, talvez esses eleitores se sintam mais à vontade ao digitar sua preferência no teclado.”

Metodologias:

A pesquisa Datafolha foi feita de 6 a 7 junho de 2018 com 2.824 entrevistados em 174 municípios brasileiros. Encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo. Registro no TSE: BR-05110/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais para mais e para menos com índice de confiança de 95%.

A pesquisa DataPoder360 entrevistou 10.500 eleitores entre os dias 25 e 31 de maio em 349 cidades brasileiras. A pesquisa foi encomendada pelo próprio site Poder360. A margem de erro é de 1,8% para cima ou para baixo com índice de confiança de 95%. Registro no TSE: 09186/2018.

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