O empresariado brasileiro apoiou o golpe de 1964, apoiou a ditadura, não seria diferente agora. Aos poucos, vai ficando claro que o candidato da elite é o capitão Jair Bolsonaro (PSL). Dono da Havan, Luciano Hang força seus funcionários a aderirem. Ex-candidato, Flávio Rocha está nessa. No Paraná, chegou a vez de Joanir Zonta, dos mercados Condor, se pronunciar.
Evidente que Zonta tem todo o direito de se manifestar. E tem todo o direito de criticar o petismo (embora algumas críticas sejam engraçadas, como a que fala que o governo Haddad representa “o fim da família”). Mas é preciso reparar no tipo de argumentação que a elite empresarial brasileira vem usando para apoiar um candidato de viés nitidamente autoritário e extremista.
Nos 11 pontos de sua carta aos “colaboradores” (eufemismo para empregados), Zonta diz que Bolsonaro seria o melhor para a economia, para os valores da família e que combateria a corrupção. Não hjá motivos para acreditar em nenhum desses três pontos.
Quanto à economia, Bolsonaro já se mostrou um incapaz. Depois de 28 anos no Congresso Nacional (chegou lá antes do Plano Real), não soube responder o que é o tripé macroeconômico do país. Coisa que qualquer aluno de ensino médio deveria saber. (Como ele pôde votar qualquer matéria na Câmara sem esse mínimo de informação segue sendo um mistério.)
Os poucos pedaços do plano econômico de seu guru liberal, Paulo Guedes, que o autoritário candidato deixou que o eleitor conhecesse são espantosos. Diminuir o Imposto de Renda dos ricos e aumentar dos pobres, por exemplo. (Zonta passaria a pagar menos e, em seu lugar, seus “colaboradores” passarão a pagar mais; Luciano Hang ganhará um alívio, enquanto seus funcionários de chão de fábrica perderão dinheiro.)
Na parte da família, o candidato se mostra um desastre. Não entende qualquer formação familiar que não seja igual à sua. E não tem qualquer respeito pelas pessoas, nem por seus próprios filhos (disse que teve sua filha numa “fraquejada”), nem pelas mulheres em geral (diz que usou verba da Câmara para “comer gente”).
Também parece impossível defender que um candidato que defende tortura seja respeitoso com a família.
Quanto à corrupção, Bolsonaro nunca esteve em condições de roubar muito, pois não exerceu cargo Executivo. Mesmo assim, o patrimônio de sua família se multiplicou assim que ele entrou na vida pública, sua ex-mulher diz que ele roubou um cofre, que oculta patrimônio; ele usou verbas da Câmara a que não tinha direito; empregou uma funcionária fantasma; e defende governos militares corruptos.
O antipetismo tem sua razão de ser. A defesa cega de um candidato extremista é injustificável.