A presença de milhares de estudantes de Medicina brasileiros tem transformado a economia de algumas cidades dos países vizinhos. Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, é uma das que mais sofreram impacto. Separada de Pedro Juan Caballero apenas por uma rua, a cidade brasileira sofreu uma explosão imobiliária nos últimos anos.
“Está faltando moradia em Ponta Porã. O preço do aluguel explodiu por causa do grande número de estudantes de fora. Antes um estudante podia alugar um espaço para morar por R$ 300, mas hoje ninguém aluga por menos de R$ 600”, relata o jornalista Pedro Zadyr, diretor do jornal Che Fronteira.
A estudante Adma Bonifácio, que optou por morar no Paraguai, diz que a presença dos jovens brasileiros também inflacionou os preços em Pedro Juan Caballero. “Tem investidores construindo novas moradias, abrindo restaurantes de comida brasileira”, conta.
Em algumas cidades bolivianas também há falta de moradia e serviços para brasileiros. O funcionário público de Rondônia Francisco das Chagas Brasil, quem tem uma filha estudando em Cochabamba, já traçou um plano para quando se aposentar, em breve: “Estou pensando em mudar para Cochabamba e abrir um restaurante. Os estudantes brasileiros não gostam da comida boliviana”.
Agencias de serviços para brasileiros se multiplicam
A migração em massa de estudantes brasileiros para os países vizinhos fez surgir uma série de agências voltadas a auxiliar a colocação dos estudantes em uma universidade da Argentina, do Paraguai ou da Bolívia. As empresas, além de ajudar na parte burocrática, também auxiliam os estudantes a arrumar moradia no exterior.
Filipe Zamluti, diretor da Flez Intercâmbios, com escritórios em São Paulo e Buenos Aires, diz que a empresa tem levado em média cerca de 400 estudantes por ano para cursos de Medicina na Argentina. “97% dos estudantes que nos procuram querem Medicina”, diz, ao fazer um alerta. “É preciso ter cuidado ao escolhe uma agência. O estudante deve verificar se a empresa é credenciada e se tem registro no Ministério de Turismo do Brasil.”
O diretor da Foz Intercâmbio, Ricardo Aparecido Moreira, registra mais de 2 mil atendimentos de interessados em ingressar nas cinco universidades paraguaias instaladas na região da tríplice fronteira. “Aqui na região tem 3 mil vagas nos cursos de Medicina. Um número muito grande chega todos os anos, mas 60% dos estudantes desistem.”
A intercâmbio Médico, fundada em 2006 em Águas de São Pedro, no interior de São Paulo, se especializou em assessorar estudantes que querem ir para a Bolívia. No primeiro ano levou 11 Brasileiros para lá. O número aumentou rapidamente e já soma mais de 800 assessorados. A agência auxilia os interessados desde o processo burocrático de matrícula, trâmites nacionais e internacionais até na locação de moradia nas cidades bolivianas.
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