A Ubisoft, desenvolvedora de games responsável pelas séries Far Cry e Splinter Cell, anunciou semana passada que iniciou a produção da adaptação cinematográfica daquela que é hoje sua franquia mais popular e rentável: Assassins Creed. As filmagens devem começar em breve e o filme – ao que tudo indica o primeiro de uma série – está previsto para chegar aos cinemas em 21 de dezembro de 2016.
A pergunta inevitável que gamers e cinéfilos mundo afora fazem: será que agora vai? E não me refiro especificamente à adaptação de Assassins Creed. Há um bom tempo os estúdios de cinema penam para conseguir lucrar em cima da popularidade dos games, sem conseguir emplacar filmes dignos de nota. É até curioso que a maior indústria mundial de entretenimento não receba a mesma atenção dada hoje às histórias em quadrinhos de super-heróis, que há anos monopolizam as bilheterias e têm rendido ótimas adaptações. OK, são mídias bem diferentes, mas igualmente ricas em conteúdo e populares entre diferentes públicos.
Em geral, as adaptações de games para a telona resultam em produções sofríveis ou de pouca familiaridade com o produto original, como a série de filmes de Resident Evil, por exemplo. Alguém aí se lembra de Street Fighter – A Última Batalha (Street Fighter, 1994), Doom – A Porta do Inferno (Doom, 2005) ou Super Mario Bros. (1993)? Inclusive, já rolou um Top 5 aqui no blog trazendo as piores adaptações de games pro cinema. Mesmo games de ação com premissas incessantemente trabalhadas na telona – o policial atormentado e sedento por vingança (Max Payne) e o assassino de aluguel implacável (Hitman) – viraram filmes esquecíveis com roteiros fracos, apesar de contarem com rostos conhecidos.
A minha esperança – e a de muita gente, creio – é que a adaptação de Assassins Creed seja para os games o que o primeiro filme de X-Men foi para os quadrinhos. E há motivos para acreditar nessa “virada”. O primeiro (e talvez o mais importante): a Ubisoft terá voz ativa no processo de adaptação, participando de todas as etapas e trabalhando em conjunto com a 20th Century Fox, responsável pelo filme.
Tanto que o anúncio do início da produção foi feito não pelo estúdio, mas sim pelo CEO da Ubisoft, Yves Guillemot. A promessa é que a desenvolvedora terá “controle criativo” sobre a adaptação, em vez de simplesmente vender os direitos para executivos dos estúdios que nunca nem ouviram falar da franquia (ou de qualquer game).
Os nomes já confirmados no projeto também comprovam que a aposta no filme é grande. O protagonista será vivido por Michael Fassbender, que é também um dos produtores da adaptação, ao lado de Frank Marshall, figurinha super carimbada em Hollywood e que já esteve por trás de franquias de sucesso como De Volta para o Futuro, Indiana Jones e Identidade Bourne. Fassbender é um excelente e versátil ator, com uma indicação ao Oscar na bagagem e apelo junto ao grande público – especialmente por conta de sua participação como Magneto nos dois últimos filmes dos X-Men.
Ao lado de Michael Fassbender, estará ninguém menos que a francesa Marion Cotillard, ganhadora de um Oscar de Melhor Atriz por Piaf – Um Hino ao Amor (La môme, 2007) e que está concorrendo à estatueta na mesma categoria neste ano por Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, une nuit, 2014). Conforme publicou o Deadline, tanto o papel de Cotillard quanto o de Fassbender podem ser reprisados em futuros filmes de Assassins Creed no cinema, caso este primeiro emplaque. Os dois astros serão dirigidos nessa estreia por Justin Kurzel que, curiosamente, também comandou a dupla no drama shakesperiano Macbeth, a ser lançado neste ano.
Por fim, é preciso destacar o potencial da mitologia da série, que se passa ao longo de diferentes épocas históricas e conta com a presença de personagens reais como coadjuvantes – a lista vai desde Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel até George Washington e o pirata Barba Negra. Para quem nunca jogou, vale uma explicação breve (e superficial).
O primeiro jogo, lançado em 2007, conta a história do jovem Desmond Miles, que, num futuro próximo, é raptado por uma organização misteriosa chamada Abstergo e obrigado a participar de experimentos com uma máquina intitulada Animus, capaz de trazer à tona memórias dos antepassados do rapaz. Desmond é então “transportado” para a época das Cruzadas, na pele de Altair, que integra a tal Ordem dos Assassinos do título. No decorrer do primeiro game se descobre que a Abstergo é só uma fachada para a Ordem dos Templários, que existe até os dias atuais e está em busca de artefatos misteriosos chamados “pieces of Eden“.
Os demais títulos da série levam adiante esta batalha histórica entre assassinos e templários, misturando passado e futuro, em uma teia de conspirações e reviravoltas que remontam à origem da humanidade. Em Assassins Creed 2, por exemplo, a trama se passa na Itália renascentista, em cidades como Veneza e Florença, já com outro protagonista, Ezio, vestindo o traje dos assassinos.
E, apesar da produção do filme já ter começado, pouco (ou nada) se sabe ainda a respeito do roteiro, quais personagens estarão na adaptação ou qual período histórico será retratado. Ano passado, Michael Fassbender disse apenas que o filme vai “respeitar” o game, mas que os produtores querem trazer novos elementos e talvez uma “versão própria de coisas que já existem no game”.
Com o início das filmagens, naturalmente novas informações sobre a trama devem ser divulgadas. De qualquer maneira, o fato de haver material de sobra para se trabalhar (ou se inspirar) é um dos trunfos da adaptação e de uma possível série para os cinemas. Cada filme poderia se passar em uma época histórica diferente, com Fassbender interpretando os assassinos de cada título, começando por Altair, durante as Cruzadas.
O jeito é esperar. E torcer. Porque agora vai.
Qual história de Assassins Creed você gostaria de ver transposta para o cinema? Como está sua expectativa para a adaptação do game? Deixe seu comentário!
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