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A seleção da Bélgica é como Legião Urbana e Raul Seixas: o problema são os fãs

Foto de Jonathan Campos/Gazeta do Povo, enviado especial à Rússia (Foto: )

DIRETO DE SÃO PETERSBURGO, RÚSSIA – Na Copa do Mundo 2018 a seleção da Bélgica, finalmente, mostrou a que veio. Passou pela primeira fase brincando, teve autoridade para espantar a zebra japonesa, eliminou sem piedade o pentacampeão Brasil, até parar em outra equipe gigante, a França.

Se havia alguma dúvida sobre a tal “ótima geração belga“, não há mais. Se alguém desconfiava do poderio desses jogadores, diante da falta de resultados expressivos, não há mais motivo algum. Um degrau a mais e seria perfeito, mas os belgas têm, agora, uma história consistente para contar dentro do principal torneio do esporte.

Trajetória que ganhou ainda mais destaque com a “humanização” de personagens que, até então, figuravam mais nas conversas de um grupo composto pelos já indefectíveis analistas de desempenho, comentaristas táticos e fanáticos por futebol nos videogames. Fã-clube tão chato quanto os fãs de Legião Urbana e Raul Seixas.

Nada contra o glorioso Raulzito, ao contrário, mas ele não era o novo messias, né? Aliás, aposto que o baiano daria muita risada desse culto póstumo. Vale o mesmo para a trupe de Renato Russo que, de um líder de um grupo punk, e depois o astro de uma banda razoável, também é adorado como um profeta.

Assim, a Bélgica se livrou do hype de “ótima geração”. De um “segredo” que só os viciados em futebol conheciam e sobre o qual não se devia falar muito, como aquela banda que os apreciadores torcem para não chegar ao mainstream para não estragar. Os belgas, enfim, são populares.

Ficou de lado o papo sobre “último terço”, “jogo apoiado”, “entre linhas”, para entrar em cena, por exemplo, a dramática história daquele que é o mais carismático jogador belga: Romelu Lukaku. Com um depoimento trepidante ao Player’s Tribune, o atacante contou sua história de miséria e redenção.

Impossível não se emocionar com o relato do filho de congoleses, fã de Adriano Imperador e poliglota — fala português pelo convívio com o brasileiro Fernando Canesin quando ambos defendiam o Anderlecht, da Bélgica. Se você não leu, não termine a Copa sem fazer isso. Aqui o link. 

Podemos acrescentar ainda Hazard, mais do que um meia que acerta X% de passes, um capitão discreto que já “batia bola” na barriga da mãe, jogadora profissional; o craque tímido Kevin De Bruyne, que perdeu a namorada para o goleiraço Courtois; além do carismático Fellaini, que parece o Didi Mocó vestido de Maria Bethânia.

Um conjunto de excelentes jogadores, de histórias incríveis e, evidentemente, de futebol lux luxo. Sorte dos torcedores do esporte mais empolgante do planeta que, com o torneio disputado na Rússia, puderam testemunhar o estabelecimento da tal “ótima geração belga”.

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