DIRETO DE MOSCOU, RÚSSIA – Luka Modric é o cérebro e motor da Croácia, finalista inédita da Copa do Mundo 2018. Camisa 10 da seleção de seu país, o jogador do Real Madrid já fez dois gols, deu uma assistência e correu 63 quilômetros em 643 minutos, recordista em deslocamento do torneio (até porque fez seis jogos).
Diante da França, no próximo domingo (15), ao meio-dia, Modric, 32 anos, terá a principal oportunidade numa carreira de futebol que, por pouco, não existiu. Aos seis anos, foi considerado “muito magro” e tímido” para praticar o esporte e acabou dispensado na primeira tentativa de integrar um clube, o croata Hajduk Split.
A frustração de uma criança com o esporte preferido, entretanto, era das menores preocupações da família do craque. Nascido em 1985, Modric encarou logo na infância a Guerra dos Balcãs, conflito na então República Socialista Federativa da Iugoslávia, que envolveu croatas e sérvios.
O pai do atleta, Stipe, foi obrigado a se alistar ao exército croata. E o avô de Modric, também chamado Luka, acabou fuzilado por sérvios próximo da casa da família, em Obrovac. Diante disso, a mãe reuniu a todos e buscou abrigo no Kolovare Hotel, em Zadar. E num cenário de morte, o meia se refugiou na companhia inseparável da bola.
“Nós fomos forçados a viver em campos de refugiados. E o som das granadas e bombas nos atormentava o tempo todo. Meu pai não tinha dinheiro para me comprar chuteiras, mas eu insisti em treinar. Passava o tempo chutando uma bola de papel”, relembrou Modric, em entrevista recente.
O futebol foi entrar na vida do craque croata, de forma definitiva, somente aos 15 anos, quando foi incorporado ao Dínamo Zagreb. Acabou emprestado para uma equipe da Bósnia-Herzegovina, o Zrinjski Moskar, quando foi eleito o melhor jogador da liga do país.
O salto na carreira ocorreu em 2008, ao ser negociado com o Tottenham, da Inglaterra. De lá, partiu para o Real Madrid em 2012. E, desde então, é titular do clube mais importante do planeta, onde já levantou quatro Liga dos Campeões e três canecos do Mundial-Interclubes.
Nos Merengues, além dos títulos pessoais, virou jogador multimilionário. Renovou recentemente seu contrato até 2020, vínculo que deve ganhar um reforço graças ao brilho no Mundial. Ganha mais de R$ 20 milhões por temporada apenas de salário pago pelo clube.
O grande prêmio, entretanto, está por vir: conquistar a Copa do Mundo. Feito impensável para quem jogava bola em meio ao som dos explosivos e se acostumou a fugir da guerra no quintal de casa. Nada impossível para quem está a 90 minutos de um sonho no Estádio Lujniki.
“Para um país como a Croácia é algo histórico, impressionante estar em uma final de Mundial e estamos muito orgulhosos de este êxito. Mas, não queremos ficar só nisso”, comentou Modric, após o duelo de semifinal vencido diante da Inglaterra (2 a 1).