De saída da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antônio Fernandes Toninho Costa chamou a imprensa na sexta-feira (5) para dar a sua versão sobre os fatos que teriam gerado sua exoneração. Aproveitou para reclamar também do ministro da Justiça e da Segurança Pública, o deputado federal licenciado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e seu forte vínculo com o agronegócio. “A bancada ruralista assumiu o controle das questões indígenas, e também do Congresso Nacional”, disparou o ex-presidente da Funai.
“O ministro Serraglio é um excelente deputado, mas ele não está sendo ministro da Justiça. Porque ele está sendo ministro de uma causa que ele defende no parlamento. E isso é muito ruim para as políticas brasileiras, principalmente para as minorias. Os povos indígenas precisam de um ministro que faça justiça, e não um ministro que venha pender para um lado. Isso não é papel de ministro”, apontou Costa.
No exercício do mandato na Câmara dos Deputados, Serraglio sempre integrou a bancada ruralista. No mês passado, já na condição de ministro da Justiça, o paranaense contestou a atuação da Funai nos processos de demarcação de terras indígenas, durante entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.
Para o ex-presidente da Funai, Serraglio “com certeza” contribuiu para sua saída do cargo. “A ideologia dele é uma; a minha é outra”, resumiu Costa. Questionado ainda sobre o recente ataque contra índios do Maranhão, Costa também afirmou que, a partir de agora, “com a posição do atual ministro”, conflitos podem ser acirrados. “Porque há uma proteção por parte de alguns segmentos políticos, que estão dando cobertura a isso”, disse ele. “A Funai corre risco sim de ser extinta se continuar esses ataques do parlamento e cortes no orçamento”, completou Costa.
OUTRO LADO
Em nota distribuída à imprensa, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública informa que devido à “extrema importância que o governo federal dá à questão indígena”, a Funai “necessita de uma atuação mais ágil e eficiente, o que não vinha acontecendo”. “Várias questões não vinham sendo tratadas com a urgência e efetividade que os assuntos da área requeriam, o que corrobora a necessidade de uma melhor gestão”, conclui a nota.