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Deputado federal Alfredo Kaefer (PSL-PR). Foto: Luis Macedo/Arquivo Câmara dos Deputados
Deputado federal Alfredo Kaefer (PSL-PR). Foto: Luis Macedo/Arquivo Câmara dos Deputados| Foto:

Não foi feliz a trajetória no Partido Social Liberal (PSL) do deputado federal pelo Paraná Alfredo Kaefer. No início de 2016, ao trocar o PSDB pela legenda de Luciano Bivar, foi logo empurrado pelo “Livres”, um grupo que, na definição de Kaefer, “sequestrou” o PSL. Ainda assim, permaneceu na legenda. Depois, “soube pela imprensa” que o PSL daria sustentação à candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a presidente da República, nas eleições de outubro. “Eu, como líder do partido, como deputado da agremiação, ficar sabendo da entrada do Bolsonaro pelos jornais? Isso é algo inconcebível”, reclamou ele, durante entrevista à Gazeta do Povo, nesta quinta-feira (8), quando também aproveitou para anunciar apoio ao senador Alvaro Dias (PODE-PR), outro presidenciável. Leia abaixo os principais trechos:

O senhor entrou no PSL e ganhou por lá a função de “coordenador político”, para fortalecer a legenda nacionalmente. Mas, aí houve um conflito com o Livres, certo? O que o senhor conseguiu fazer dentro do partido até aqui?

A gente tinha a ideia de, em pouco tempo, filiar de 15 a 20 deputados federais, para encorpar o partido. Mas, num primeiro momento, houve um bloqueio por parte do Livres, que tinha um apadrinhamento forte do Sergio Bivar, que é filho do Luciano Bivar, que sempre teve o controle do partido.

Até, num determinado momento, eu fui a Recife e cheguei a entregar meu pedido de desfiliação, mas aí o Luciano Bivar colocou “panos quentes”, disse que “não, vamos lá”, “a gente vai desenvolver o partido” e tal. De fato, o PSL tem um estatuto legal, de liberalismo com cunho social, principalmente na área de educação. Mas o atravessamento do Livres continuou.

E eles queriam levar a liberdade de costumes, legalização de drogas, liberação total da homoafetividade, casamento gay, pena de morte, eutanásia. E eu sempre defendi que isso não cabe como bandeira de partido político, porque isso cria muita controvérsia, principalmente num país conservador como o Brasil. Nos outros partidos, quem defende isso, faz de forma individual, não como bandeira. Pois bem, a gente estava quase superando isso…

Aí surgiu o Bolsonaro…

E, de repente, de uma forma surpreendente. Uma semana ou dez dias antes da assunção do Bolsonaro ao PSL, a gente começou a ouvir alguns comentários, alguns bochichos. Eu, como líder do partido, como deputado da agremiação, ficar sabendo da entrada do Bolsonaro pelos jornais? Isso é algo inconcebível. É tripudiar alguém que estava defendendo o partido. É uma amostra total de autoritarismo. E a gente encontrava com o Bolsonaro [na Câmara dos Deputados]. E ele nunca comentou nada com a gente! Nem depois da entrada dele…

Vocês nunca chegaram a conversar?

Não. Não chegamos a conversar. Eu cheguei a ligar para o Luciano Bivar e aí ele estava do lado do Bolsonaro e me passou o telefone. Mas eu não sei se derrubou a linha, ou caiu, nós não terminamos a conversa, e ele não ligou de volta para mim. Foi uma atitude totalmente autocrática tanto do Bolsonaro, quanto do Luciano Bivar.

Aí, na segunda-feira passada, teve uma reunião do PSL. Agora tem um novo presidente indicado pelo Bolsonaro. O Luciano Bivar está se licenciando… Lá, no Paraná, o presidente do PSL vai ser o Francischini [deputado federal pelo Paraná, hoje no SD]. Tal lugar vai ser o Beltrano, e por aí vai. Isso não serve para gente.

Coincidentemente, o PSL tem na cidade de Cascavel um deputado estadual [Adelino Ribeiro] e um deputado federal, e a gente não acompanhou o Bolsonaro lá [à 30ª edição do Show Rural, em Cascavel, na quarta-feira]. Não vamos caminhar junto, nesse projeto autoritário e autocrático. Sou um liberal convicto, preconizo regras de mercado, livre iniciativa, privatização, mínimo tamanho de Estado, reformas e tal, mas, ao mesmo tempo, não combina comigo uma direita radical, alguém que fala de retorno de militar, essas coisas aí. Na hora que abrir a janela partidária, eu vou procurar outro abrigo. E vou declarar meu apoio ao Alvaro Dias [senador pelo Paraná e pré-candidato à presidência da República pelo PODE].

Mas isso não significa que o senhor vai para o PODE?

Existe a possibilidade de eu me filiar ao “Podemos” sim. É possível. Mas, mesmo que eu vá para outro partido, eu devo ficar liberado para apoiar o Alvaro Dias. Nós, paranaenses, temos um bom nome, um bom candidato, com uma trajetória irretocável.

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