Até o início de 2016, o paranaense Alvaro Dias era uma das principais vozes do PSDB em Brasília, ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Hoje filiado ao recauchutado PTN, o PODEMOS, Alvaro Dias é um dos primeiros senadores a confirmar que votará, na terça-feira (17), a favor das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o parlamentar mineiro. Ou seja, se depender do paranaense, o ex-colega de legenda partidária permanecerá afastado do mandato, e em “recolhimento noturno”.
De olho na presidência da República em 2018, Alvaro Dias sustenta um discurso contrário ao “corporativismo” presente no Legislativo. Para ele, nem caberia ao Senado opinar sobre as medidas cautelares aplicadas pela Corte máxima do Judiciário contra Aécio Neves. Na quarta-feira (11), contudo, diante de uma pressão ferrenha do Senado, a maioria dos ministros do STF abriu a brecha: cabe aos políticos endossar ou não a aplicação de medidas judiciais que, direta ou indiretamente, possam impedir o pleno exercício do mandato.
“Daquela decisão sobre o afastamento de Eduardo Cunha da Câmara dos Deputados, que foi unânime, até o STF dividido agora, verificou-se uma mudança de opinião significativa. Passou a ideia da contemporização, da condescendência e da influência política indevida. O STF abdicou da sua competência. Transferiu poderes ao Legislativo, que agora é quem dá a última palavra. Ao contrário do que deseja a sociedade, o STF amplia os privilégios das autoridades brasileiras, quando todos nós devíamos estar trabalhando para acabar com eles”, disse Alvaro Dias, em vídeo divulgado no Facebook.
Os demais senadores da bancada do Paraná, Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), também devem votar na terça-feira (17) a favor das medidas cautelares contra Aécio Neves. Ao contrário de Alvaro Dias, a dupla entendeu que o STF extrapolou e feriu a própria Constituição Federal quando decidiu afastar o tucano sem o aval do Legislativo. Apesar disso, Gleisi e Requião não estariam dispostos a ajudar agora o senador mineiro, um dos algozes do processo de impeachment contra a Dilma Rousseff. A conferir.