Se o presidente Temer de fato tentar empurrar algum deputado federal do PMDB do Paraná para a Esplanada dos Ministérios, para manter o mandato e o foro privilegiado a Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), não será uma manobra fácil. Dos três peemedebistas da bancada paranaense na Câmara dos Deputados, João Arruda, Sérgio Souza e Hermes Parcianello, não há ninguém com o perfil para as duas vagas abertas na esteira da crise gerada a partir das delações da JBS – as chefias do Ministério da Transparência (antiga CGU), pasta recusada por Osmar Serraglio (PMDB-PR), e do Ministério da Cultura, abandonado pelo PPS.
João Arruda, sobrinho do senador Roberto Requião (PMDB-PR), um dos maiores críticos da gestão peemedebista, não anda afinado com a cúpula nacional do PMDB. Chegou a pedir a cabeça do senador Romero Jucá (PMDB-RR) do comando da legenda, na tentativa de reduzir o desgaste interno provocado pela Lava Jato. No plenário da Câmara dos Deputados, também se posicionou contra proposições respaldadas para o Planalto, como a que flexibilizou a participação da Petrobras nas operações dos blocos de petróleo do pré-sal.
Sérgio Souza, originalmente ligado ao grupo de peemedebistas mais ligados ao PT do que ao PSDB, se aproximou do grupo do presidente Temer ainda em 2016, quando resolveu votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, tem sido completamente fiel às reformas encabeçadas pelo gestão peemedebista, comportamento que o ajudou a conquistar a relatoria da “MP das concessões” e também o comando da Comissão de Agricultura. Por ser integrante da bancada ruralista, Sérgio Souza não deve abrir mão agora da principal cadeira do colegiado.
Além disso, assim como Osmar Serraglio, Sérgio Souza também teve o nome citado de forma fortuita por pessoas denunciadas pela Operação Carne Fraca. Recentemente, quando Serraglio surgiu como uma possibilidade para o comando da pasta da Transparência, servidores da pasta protestaram imediatamente: “Aqui a carne é forte”, provocava um dos cartazes segurados por um manifestante.
Já Hermes Parcianello, conhecido como “Frangão”, não tem uma relação próxima com o grupo do PMDB fiel ao presidente Temer. Em março, chegou a votar contra o projeto de lei que regulamentou a terceirização e o trabalho temporário. No mês seguinte, em abril, nem apareceu para votar a reforma trabalhista, outra prioridade para o Planalto. A ausência do peemedebista nas discussões do plenário também é notória. Há colegas da bancada paranaense que asseguram nunca terem visto Frangão por lá.
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