• Carregando...
Tomas Tranströmer narra um acidente de carro
| Foto:
Divulgação
Tomas Tranströmer.

Como ainda não tem muita coisa do novo ganhador do Nobel de Literatura, Tomas Tranströmer, em português, peguei mais um poeminha dele traduzido para o inglês e fiz uma versão. É quase literal, mais para dar uma ideia de quem é o sujeito.

Quem quiser ver o da semana passada clica aqui.

Solidão (I)

Eu quase morri aqui, uma noite em fevereiro.
Meu carro tremeu, e girou de lado no gelo
cruzando direto para a outra pista. A censura do tráfego
veio até mim com suas luzes.

Meu nome, minhas meninas, meu trabalho, tudo
se soltou e ficou para trás, cada vez menor,
cada vez mas distante. Eu era um ninguém:
um garoto no playground, subitamente cercado.

Os faróis dos carros que vinham
se abateram em mim enquanto eu lutava com o volante num deslize
De terror, claro e escorregadio como clara de ovo.
Os segundos cresceram e cresceram – me dando mais espaço –
se estendendo grandes como hospitais

Eu quase senti que eu podia descansar
e tomar fôlego
antes da batida.

Então alguma coisa agarrou: uma útil areia
Ou uma rajada de vento cronometrada. O carro
saiu, balançando de novo através da estradas.
Um poste de sinalização bateu e quebrou, com um barulho forte,
girando para longe na escuridão.

E ficou parado. Me encostei no banco com o cinto de segurança
e vi alguém andar pesadamente pela neve rodopiante
para ver o que tinha restado de mim.

Siga o blog no Twitter.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]