O trecho a seguir foi extraído do próprio Diário, como parte de minhas lembranças e dos meus escritos… Era assim que eu conversava com meu filho…e será com esta chamada que começarei a apresentar o Diário a você:
Conversando com meu filho…
“Antonio,
Estamos próximos do quinto mês de gestação e começo a sentir os seus primeiros movimentos. A princípio são leves, muito sutis, porque há muito espaço dentro de mim para você se movimentar. Seu pai sempre me pergunta como você está e eu respondo que está feliz.
Dias atrás sonhei com você, fazendo graça para não calçar um tênis e me dando “tchau” como a se despedir de mim. Em outro sonho, nós dois ríamos às gargalhadas das brincadeiras que fazíamos um com o outro, mas a nossa história começa um pouco antes…
Em fevereiro de 2001, seu pai e eu recebemos a visita de sua avó Regina e sua Tia Natale. Tia Tale, como costumamos chamá-la, estava grávida de 6 meses da sua prima Nadine. Tia Tale é bem alta, tem 1m e 75cm de altura e ficou linda grávida.
Seu pai e eu fizemos com elas um tour pela cidade, mostrando alguns dos lugares bonitos dos muitos que Curitiba tem.
Um dos meus preferidos é o Bosque do Papa e naquela manhã entrei pela primeira vez na capela. Sua avó sugeriu que eu fizesse um pedido por ser a primeira vez que estava ali. E eu fiz. Pedi à santa do bosque que me concedesse a graça de ser mãe. Pedi com todo amor do meu coração…
No mês seguinte, seu pai e eu trabalhávamos como voluntários para um encontro de casais realizado no Retiro do Mossunguê. Era um final de semana. Havíamos ficado responsáveis pela entrega do pãozinho para o café da manhã. Nós tinhamos que madrugar para levar os tais pães e depois lá ficávamos um tempão de plantão esperando que precisassem de alguma coisa para sairmos correndo buscar!
Lembro-me que perto do horário do almoço nos dispensaram dos trabalhos do grupo e depois fomos para casa descansar.
À tarde, passava na TV um filme sobre uma mulher que buscava a todo custo uma barriga de aluguel porque não podia engravidar. Durante o filme, emocionei-me muito e, na minha cabeça, voltavam as dúvidas de sempre.
Sem que seu pai percebesse, saí de mansinho e fui tomar um banho. Enquanto a água morna caía em minhas costas eu chorava muito e de novo questionava-me por quê? Incomodava-me o fato de perceber que o tempo passava sem constituir uma família, ter um filho com o homem que eu amava.
Ali mesmo, ajoelhei e pedi uma resposta a Deus. Caso meu desejo não pudesse ser realizado, que eu então direcionasse esta energia materna para qualquer outra atividade, um trabalho voluntário numa creche ou num orfanato, por exemplo, mas que de uma vez por todas eu nunca mais pensasse no assunto.
Saí do banho refletindo sobre isto. Voltei para a sala onde seu pai ainda assistia TV e me aquietei. Esperava de alguma forma, pelos próximos dias, uma resposta, um sinal, qualquer coisa que pudesse dar sossego ao meu coração.
Mas à noite, quando fomos nos deitar para dormir, sem que eu dissesse qualquer coisa ao seu pai sobre minhas questões, ele me abraçou dizendo que sentia-se muito feliz por estarmos juntos, e que, apesar de algumas dificuldades que enfrentávamos, poderíamos sim ter um filho.
Naquele momento, encostei minha cabeça no peito do seu pai, elevei meu pensamento a Deus e agradeci.
Deus tem várias formas de falar com a gente. Feliz, fechei os olhos e adormeci em paz.”
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A proposta do DIÁRIO DE ANTONIO é a de um livro virtual.
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