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Depressão, aprendendo a superá-la…(XXXIX)


“Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas. Um dia vou construir um castelo.”
(Fernando Pessoa)*

Conversando com meu filho…

“02/03/2002

Oi meu lindo, meu “chumbinho”!

Estamos na sala de TV e se escrevo é porque você dorme e ouço você soltar punzinhos…
Isto é bom, deste jeito as cólicas diminuem e você fica mais aliviado com suas dores.

Já tomei meu remédio, passei a pomadinha para a rachadura nos seios e daqui a pouco também vou aproveitar para tirar um cochilo.

Você tem passado bem estes dias.
Seu sono está mais ritmado e suas mamadas também.
O remédio que tenho tomado parece diminuir minha irritação e nervosismo.

Entenda, meu filho, que não é com você, mas sim por causa de uma “revolução” hormonal que começa a voltar ao que era antes da gravidez.
Foram 9 meses desarrumando tudo e leva tempo para colocar a “casa” em ordem.

A última visita ao pediatra foi bem produtiva e esclarecedora.
O Dr. Petrini explicou para mim e para o seu pai o que estas mudanças hormonais provocam no meu organismo.
Entendi que o trabalho dos hormônios ainda e por um bom tempo será para a produção de leite.
No meu entendimento eu lia: “-A libido continuará em baixa.”

Já falamos sobre este assunto sobre sexualidade antes, quando eu estava grávida e a minha libido não voltou ao normal num simples passe de mágica logo depois que ganhei você.


A pouca atenção para o marido neste período costuma provocar desarmonia e já vi até separações por conta disto.
Ai, filho, quantos medos.
E mais este ainda para começar a me assombrar…
Preciso ser mais forte e confesso a você que ando cansada…

Mas voltando à consulta…
A novidade que o Dr. Petrini nos conta é que você cresceu mais 5 cm e engordou 2kg e 200g.
Está com 57 cm e pesa 6kg e 100g!
Pelas contas do Dr. você deve estar mamando quase um litro de leite por dia.
É meu “bezerrinho”, haja leite, hein?!

Você é um bebê lindo, grande e o melhor: super saudável!
Iso deixa seu pai e eu com o sorriso de orelha a orelha!
Lindo da minha vida, eu te amo!”

Lições que aprendi…

Consegui controlar o quadro depressivo que eu apresentava com a utilização de medicamento.
Mesmo assim, havia dias que pareciam noites.

De um lado a vida normal do meu marido, sem alterações hormonais, sem mudanças físicas ou biológicas.
De outro, eu passava por uma mudança que lembrava um tsunami.

Eu queria cuidar do Antonio, estar bem para ele, amamentá-lo, supri-lo naquele momento onde ele dependia cem por cento de mim.
Nem sempre tive esta compreensão e sentia-me cobrada em outras situações quando lia em livros, ouvia amigos, parentes, pessoas mais experientes dizerem que eu era mãe, sim, mas não podia esquecer de ser esposa TAMBÉM.
Santa culpa da maternidade, salvai-me!

Eu aprendia a ser mãe e não poderia esquecer de ser esposa, mulher, amante.
“-Socorro! Como é que dou conta de ser esta mulher agora??”
Pensava eu com meus botões.
E dizia a mim mesma:
“- Acalma, respira, vai passar, vai dar tudo certo!”

O amadurecimento vem aos baldes e ninguém me avisou que eu deveria sorvê-lo em golfadas!

Tempo para elaborar os acontecimentos??

A ampulheta virava mais rápido do que a areia que eu via passar.
Onde é que estava escrito que ser mãe seria fácil?

Não!
Naquele momento eu ainda não havia pensado em voltar ao trabalho, nem no Antonio no berçário, nem em como tudo iria acabar…
Não dava, a cabeça não ajudava a elaborar tudo isto.

Andei em brasas, enfrentei tempestades, atravessei penhascos e desfiladeiros, passei sede no deserto, tive ensolação nos meus naufrágios, segurei firme na mão de Deus e estou aqui contando para você a minha história!

Dá para rir agora!
Mas é verdade.
Tentar abstrair a dor perde a graça do drama!

É preciso entender que tudo passa e eu aprendi lições de ouro com o Alexandre, com o Antonio, com meus amigos, parentes, profissionais da psicologia, da educação e por quem mais passasse por mim.

Aprendi a conhecer melhor a mim mesma, a rir dos meus erros, a filtrar conversas e assuntos que poderiam deixar-me angustiada ou frustrada.

Uma história de vida confusa a minha.
De uma mulher imatura e que aos poucos consegui dar espaço para desembaraçar os meus nós, esticar o fio, deixá-lo arrebentar-se de vez em quando e seguir adiante, segura ou não, frágil ou não, sou eu, é a vida!

A perfeição só existe nos céus, com Deus, e estou longe Dele ainda!
Obrigada meu Pai por deixar que esta sua filha torta tente se endireitar.

Foi maravilhoso conseguir dar-me a chance de experimentar estas emoções.
De maneira rasa ou profunda, suave ou densa, não importa.
Foram e são minhas, ninguém as tira de mim!

Então, o que eu posso dizer numa turbulência dessa?
” – Acalma, respira, vai passar, vai dar tudo certo.”

Tudo passa, muda de lugar, de mãos, de sentido e o arco-íris que se forma na minha vida quem dá as cores sou eu.

Agora, antes ou depois do “tsunami” aparecer, desenhe o seu arco-íris sem deixar que os tons cinzentos da vida tomem conta da sua caixa de lápis de cor.

Fica com Deus, obrigada por estar aqui.

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*(Obrigada Mestre De Rose, não teria encontrado este poema se não estivesse procurando algo em seu livro – “Quando é preciso ser Forte”)
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