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Mãe leva cada susto!…(XLIII)


“Se nos sentimos pouco amados ou pouco apreciados pelos nossos cônjuges, podemos cair facilmente na armadilha de tentar fazer com que nossos filhos satisfaçam tais necessidades. E nos colocamos contra eles, se tal satisfação não ocorrer.
Quanto mais satisfatório o nosso casamento menor será a nossa inclinação de pedir aos filhos (ou aos outros- grifo meu) que preencham os vazios.”
Dorothy Corkille Briggs

Conversando com meu filho…

Filho, o dia ontem foi bravo.
Sua avó Aninha e eu fomos te levar para tomar vacina. A tríplice e a Sabin.
Não dou conta de ver aplicar qualquer injeção em você.
Não sei o que me aconteceu na outra “encadernação”, só sei que nesta eu não suporto ver agulhas, lanças, espadas que me dá uma coisa ruim no peito…
Então, sua avó te segurou para que você pudesse levar as duas agulhadas das vacinas… Que dó!

Você chorou e abria os bracinhos como quem estivesse procurando um porto seguro para aliviar a sua dor.
Te abracei e tentei acalmá-lo nas duas vezes em que levou as picadinhas das agulhas e sem exageros, eu choro junto quando te vejo assim. Mas é para o seu bem…É necessário para a sua saúde, para que não adoeça mais tarde.

Durante o dia você ficou todo dolorido.
Teve febre e choramingava sentindo os efeitos das vacinas.
Por causa dela você chorava e se assustava cada vez que eu tentava pegá-lo.

Por outro lado, eu também tive febre, quase 40 graus.
Senti calafrios que precisei colocar roupa de lã para me aquecer, isto em pleno verão de março.
Tive mastite e a febre que eu sentia doía meus ossos e deixava-me nervosa por não conseguir cuidar de você. Imagine o que você estava sentindo também.
A mastite acontece quando um canalzinho que desce o leite “entope” e daí o peito fica duro feito um tijolinho e dói muito, filho, dói demais.

Mas, nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio para descansar…
Você dormiu bem. Dormiu de brucos, como sempre, e agora parece um pacotinho em cima da cama.
Esta noite quase caiu dela! Quando acordei você já estava com a cabeça na beirada da cama e um bracinho para fora do colchão.
Mas ainda bem que Deus estea presente o tempo todo conosco.
Com certeza Ele pediu para um anjo me acordar e antecipar meus cuidados com você para evitar seu tombo.

Filho, meu tempo para escrever diminui…É que agora você está aqui e este tempo dividimos entre cuidados, olhares, diálogos cheios de brrr, agggg e risadas.
Experiências novas para nós dois.

Beijos, filho do meu coração.
Te amo muuuuuito!”

Lições que aprendi…

Lembro-me que Alexandre todas as vezes levava o Antonio para vacinar.
Não suporto agulhas e só de pensar que podem estar furando alguém, seja para o que for, me dá uns cinco tipos de ui!
Eu sentia as dores do Antonio cada vez que eu o ouvia chorar por causa das vacinas.

Logo que ele ficou no berçário, a Tia Márcia indicou-me um homeopata.
Desde os 3 meses de idade comecei a levar o Antonio ao Dr. Aramis Pedroso e recebi quinhentos mil “desconselhos” para não levá-lo.
Porque eu teria que ter muita paciência, porque eu teria que dar as gotinhas a cada hora, que era muito trabalhoso…nossa, quase desisti!

Imagine eu, filha de farmacêutico, com meu filho num homeopata!!
Não por causa do médico, mas por sua prática médica.

Mas enfim, acreditei nos meus instintos, acreditei que seria mais saudável para o meu filho, insisti e optei pela homeopatia com o Antonio.

No começo foi trabalhoso entender a medicação e principalmente conter minha pressa para vê-lo bem.
Precisei experimentar várias fórmulas até encontrar a que melhor se adequasse às necessidades do Antonio.
Algumas o irritavam mais, outras parecia não ter efeito, mas aos poucos com dedicação e cuidados e toda a paciência do mundo que Deus deu a este médico, Antonio melhorava e acostumava-se com as gotinhas.

Nestes 10 anos de vida do Antonio, ele nunca teve gripe, apenas um ou outro mal estar passageiro, que muitas vezes resolvíamos com gotinhas de paracetamol.
Febre? Tinha sob o efeito das vacinas e que eu morria de pena.
Uma única vez ele teve perto de 40 graus, mas porque nós dois, quando ele tinha quase um aninho, em dezembro de 2002, num dia muito quente, tomamos uma ducha ao ar livre na chácara da minha tia.
Não suportou o choque térmico e eu não suportei a culpa depois.

Com 2 aninhos Antonio fez cirurgia de garganta e adenóide e teve todos os cuidados que um pós cirúrgico exigiu.

Uma outra vez, na escola, foi picado por um inseto e a equipe de paramédicos lhe aplicou um antialérgico que ele odiou, pois não existia em sua memória a lembrança de uma agulhada para saber o quanto poderia doer.

Já caiu, machucou-se, ralou-se nos quintais da vida e enche-se de curativos todas as vezes que apresenta um arranhão. Tudo normal para um menino da sua idade.

Mas um dia, estava eu no trabalho quando Alexandre ligou-me dizendo que o Antonio havia levado um tombo e que havia batido a cabeça.
Fiquei preocupada e Alexandre com todo cuidado explicou-me que não era nada e que o Antonio tinha sido medicado.
Perguntei várias vezes se estava tudo bem e ele insistia em dizer que sim.
Como toda mãe, acreditei, mas não muito e deixei o dia correr até ir para casa encontrá-los.

Quando cheguei, Antonio estava deitado, quieto, imóvel à meia luz na sala de TV todo enfaixado.
Cabeça, rosto e eu num rompante gritei:
“- Eu sabia, eu sabia que você não queria me preocupar, meu Deus o que foi isto?”

E os dois cairam na gargalhada ao me ver daquele jeito…Foi uma “armação”.
Alexandre, mais criança do que o Antonio e o próprio, fizeram toda uma encenação.

Como a sala de TV tinha pouca luz, míope que sou, eu não vi direito o que acontecia, apenas gritei desesperada e literalmente cega sobre o fato que Alexandre havia me noticiado.

Imagine o que passou pela minha cabeça naquele momento.

Antonio, estava sim, deitado todo enfaixado, mas era faixa de papel higiênico enrolado na cabeça parecendo um moribundo para me pregar uma peça!
Fala se não deu vontade de bater nos dois??
Mãe passa por cada uma, viu!

Eu volto, tenho mais histórias para contar.
Fiquem com Deus!

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