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O Amor Verdadeiro…(XXVI)

Vó Aninha, Antonio e Vô Gena

“(…) Ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem idéia do que é compartilhar a vida com alguém por tanto tempo. (…) Está muito além do romantismo, e não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao trabalho e ao cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas.” (autor desconhecido)

Conversando com meu filho…

“15/12/2001 – sábado

Durante estes dias você tem se mexido demais. Parece que vai por os pés para fora da barriga da mãe.
Às vezes tento te “pegar”, mas você é um serelepe, rápido e muda de lugar o tempo todo. Em outras, sinto o que parece ser seu braço, ou um pezinho ou você todo dando uma enorme cambalhota lá dentro.

É emocionante sentir e ver o quanto vai de um lado para o outro.
Estamos ouvindo uma música bem gostosa, estou sentada no sofá da sala com minhas pernas esticadas e, como diria seu primo Affonso, ouvindo um som bem “manero”.

Sei que quando fica mais quietinho é porque a situação te agrada também.
Então, vamos relaxar e aproveitar este momento enquanto vou desenhando estas palavras com você.

Hoje, sua avó Aninha e seu avô Gena fazem 41 anos de casamento.
Logo de manhã eu liguei para eles para dar os parabéns.
É tempo, não filho?
O casamento anda tão banalizado ultimamente que é raro casais viverem juntos assim por tanto tempo.

Espero conseguir envelhecer ao lado do seu pai e ainda ter a oportunidade de ver meus netos e minha família crescer.
Um dia vou te contar como a minha história e a de seu pai começou.
Beijos para você.
Sua mãe que te adora”

Lições que aprendi…

Sábado, 07 de julho de 2012.
O clima desta cidade deixa-me sorumbática, pelo menos o nome é engraçado e dá um pouco de cor aos dias cinzentos e frios que fazem por aqui.

Acabei de falar com minha mãe pelo telefone e quanta falta ela me faz.
Pela distância acabamos não nos vendo com frequência, mas, como ela mesma diz:
“- Paciência, minha filha!”

Minha mãe e eu temos 20 anos de diferença, ela era uma menina de 19 anos quando se casou com meu pai.

Nunca, em todos estes anos vi meus pais discutindo ou brigando na nossa frente.
Poucas vezes pude perceber quando ela estava chateada com meu pai.

Seu casamento foi uma cerimônia muito simples.
Casaram-se numa tarde de dezembro na Igreja de Santa Luzia, em Ibiací.

Conta minha mãe que apenas os padrinhos e familiares participaram deste pequeno evento.
Sem bolo ou champagne para brindar, apenas um jantar com os convidados logo após a cerimônia da igreja.

E já estão perto de fazer 52 anos juntos.

Vejo atualmente alguns casamentos serem desfeitos logo depois do nascimento do primeiro filho, dois anos, dois anos e meio, às vezes 3 anos depois…

As crises começam, os problemas aparecem cada vez maiores do que realmente são, a rotina de trabalho é estafante, os casais reclamam de sentirem-se sobrecarregados com tantas responsabilidades, correm de um lado para outro para darem conta de tudo: do trabalho, do chefe, da agenda, do cônjuge, da casa, das contas, dos filhos…
E também de um sentimento de culpa que atormenta e complica esta dinâmica toda.

Por falta de tempo, por falta de dar mais qualidade ao pouco tempo que eles tem, surgem cada vez mais nos consultórios de terapeutas– nem sempre apenas por estas questões – as crianças problemáticas, casais, pais e filhos em crises em busca de ajuda, de respostas, de entendimento, de soluções…

É o “mundo moderno”!

E meus pais, este casal de antigamente, sem a festa de arromba no dia do seu casamento, sem flores para enfeitar o caminho com tapete vermelho, verde, azul ou seja lá qual cor, farão 52 anos de casados.
Felizes?
Eu diria que na grande maioria dos anos que vivem juntos e do jeito deles, sim, felizes.

Enquanto isto, ouço alguns casais que estão começando sua nova vida olharem um para o outro e com frequência dizerem:

“- Ah! se não der certo a gente separa!”

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Fique com Deus,
obrigada por estar aqui.

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