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Oi Pai…

Meu pai, fazendo graça com os óculos do meu irmão.

Você sabe o quanto eu sou chorona, e quando começo assim ouço você lá de longe dizendo:
“ – Que é isso, filha… Vai resolver alguma coisa?”
Mas chorando ou não, vou te dizer sobre meu amor por você.

Quando criança, te olhava de cima para baixo e te achava o homem mais alto do mundo sobre seus 1,65m…aproximadamente.

Lembro-me que naquela época as barras de chocolate não proliferavam como hoje e você comprava uma caixinha de Kri e guardava em cima do guarda-roupa para nos dar depois do almoço, lá em cima nem eu nem minha irmã alcançaríamos, não é?

Lembro-me do dia que descobri que havia feito seguro de vida e do quanto fiquei indignada achando aquilo um absurdo, porque pais não morrem… Eu devia ter uns 7 anos.

Lembro-me das minhas febres, das dores de garganta e de quantas injeções você me aplicava para que eu me sentisse melhor… E também daqueles tumores horrorosos que saiam nas minhas pernas e bumbum e que você pacientemente cuidava e limpava.

Quantas noites eu demorava para dormir e via você chegando quietinho para arrumar as cobertas na minha cama e na cama da minha irmã.
Eu nem me mexia e recebia feliz o conforto daquele carinho.

E a primeira bicicleta que ganhei?
Você me ensinou a andar nela sem as rodinhas e eu ficava toda orgulhosa mostrando a você que eu sabia fazer aquilo sozinha!

Quando aprendi a andar de bicicleta a mãe pedia-me para buscar leite lá na casa do seu Zé Faiçal e eu pedalava com aquele galão de alumínio pendurado no guidão que se chacoalhava todo e fazia um barulhão quando eu passava nas ruas sem asfalto de Primeiro de Maio.

E ao voltar, quantas vezes eu chegava com o galão pela metade porque eu me desequilibrava com o peso dele e lá se ia todo o leite por terra.
O pior era quando chovia e as ruas ficavam enlameadas…

Depois dela, a primeira caloi, azul da cor do céu, que eu pedalava naquele ir e vir em frente ao quarteirão de casa como se fosse a “super-Celi” destemida, fazendo manobras, passando pela difícil trilha de terra de “15 metros” que ficava quase em frente a nossa casa.

A D. Maria Rosa nos observava sentada na varanda da casa dela e dando risada todas as vezes que eu e minha irmã passávamos em frente.
Ela tinha um dente de ouro no sorriso… Lembra?

Lembro-me de uma vez que você fazia sua barba e correu atrás de mim em volta da casa até me alcançar e me dar uma palmada porque eu havia te dado uma resposta mal educada…
Foi engraçado você estava só de cuecas e eu corria e ria…

Quantos jogos de futebol eu fui com você para te ver jogar.
Eu ficava sentadinha no banco dos reservas e torcia para que marcasse um gol!

Antes do jogo, eu via você preparar-se com caneleiras, meiões, arrumando-se todo.
Tinha que sair pronto de casa pois no estádio municipal não tinha vestiário para a troca de uniforme.

Quando eu não podia ficar no banco dos reservas, te assistia sentada nos bancos de madeira que circundavam enfileirados lado a lado o campo de futebol.
A disputa para sentar nos banquinhos era enorme, não existia arquibancada!
Você me dava uns trocados e ali eu ficava comendo pipoca e amendoim torrado na casca e achava o máximo em dizer que eu era sua filha.

Lembro-me que aos domingos, eu ia à missa das sete da noite, você e a mãe permitiam-me ficar na rua até às 9 horas para encontrar minhas amigas e tomar um sorvete no bar do Seu Hachya.
Era sorvete Kibon e vinha naquele palito de plástico que virava um brinquedo depois.

Eu estava conquistando sua confiança e ganhando pontos para minha autonomia.
Ai de mim se eu não chegasse no horário em casa!

Fiquei mocinha, cresci e te alcancei em altura.
Terminei o ginásio e fui estudar em outra cidade.

Pai, são 50 anos sendo sua filha.

Muitos te admiram e respeitam.
Por conta disto, a maior herança que nos entregou foi o nome que você fez durante seus 73 anos.
Ele tem um peso enorme na minha vida e na dos meus irmãos.

Pai, nem sei mais o que poderia te dizer num dia como hoje.
Não só hoje, todos os dias, te agradecer por me dar a vida.
Desculpar-me pelas preocupações que te dei e se ainda te dou.

Dizer a você que sinto falta de fazer caminhadas ao seu lado porque era um jeito de aprender a te ouvir.
E que pena que só fiz isto aos 36 anos.

Dizer que reconheço o seu carinho quando vou te visitar porque sempre compra as frutas que gosto, o queijo branco, a goiabada, o monte de doces e biscoitos que traz para o Antonio e nem posso falar que quero alguma coisa porque sei que dará um jeito para encontrar só para me agradar.

Saudades de você, pai, eu sinto todos os dias.
Fico com inveja dos meus irmãos que num dia como hoje estarão almoçando ao seu lado em sua casa, comemorando o dia dos pais.

Deus te abençoe.
Pelo pai que é, pelo exemplo que me dá.
Pela forma carinhosa de se fazer presente e que demorei para entender.
Tenha um feliz dia dos pais, todos os dias.

E pai… Eu te amo.

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