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Paciência e sabedoria…(XLVIII)
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“Lembre-se, ainda, que seus atos lhe pertencem. Só você é responsável pelo que pensa, sente ou faz.”

Conversando com meu filho…

“18 de abril de 2002, quase uma da manhã.

Você mamou, teve um pouco de cólicas mas agora dorme feito um anjo.

Filho, você cresce a olhos vistos, está cada dia mais lindo, forte e saudável.

Já estou me acostumando com a nova fase de nossas vidas e começo a me preparar para a outra que será deixá-lo em período integral no berçário.

Ainda teremos um mês e meio pela frente.

Ontem você tomou seu primeiro chazinho de ameixa. Quase nada, foram duas colherinhas, para que seu intestino voltasse a funcionar.

Penso que muito do que você sente vem das crises nervosas que passo de vez em quando.

Fico muito triste quando desentendo-me com seu pai. Deixa-me estressada e como consequência acabo por afetá-lo sem saber ou querer, sim porque meus desafetos com seu pai não tem nada a ver com você.

Filho, quando uma mulher tem seu bebê, tanto ela quanto o marido precisam ter mais amor, paciência um com o outro.
No meu caso, sinto-me culpada por passar por essas transformações todas, hormonais, emocionais, mas não é por aí. Nem deveria sentir-me assim.

As exigências para o meu comportamento “voltar ao normal” vindas do seu pai provocam-me uma tristeza sem fim.
Nossa paciência fica por um fio e quase não damos espaço para o diálogo, a conversa franca.

Em situações desta natureza o melhor exercício é o silêncio, do contrário até um simples “bom dia” é motivo para iniciar uma discussão.

Às vezes nem eu sei como lidar com a falta de diálogo ou os humores que nos rondam e junte a tudo isto as minhas preocupações e cuidados com você, deixá-lo aos cuidados de outras pessoas que ainda nem conheço, retomar meu trabalho, enfim… Uma série de motivos para o estresse permear estes dias.

Mas, passa, e o que não passa é o meu amor que aumenta a cada dia por você.
Estarei aqui sempre que quiser conversar, conversar para crescer e aprender.
Durma em paz, meu filho, Deus te abençoe.”

Licões que aprendi…

O exercício maior nos momentos em que uma discussão poderia dar início, seja em casa, no trabalho, ou no meio familiar, partiu de uma lição que aprendi lendo uma historinha que hoje dividirei com vocês e que carregarei pelo resto de minha vida…Mesmo que alguns já a conheça vale a pena ler de novo.

A SABEDORIA DO SAMURAI…

Conta-se que, perto de Tóquio, capital do Japão, vivia um grande samurai.

Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens.
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, apareceu por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos.

Era famoso por usar a técnica da provocação.

Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante.

O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.

Assim que soube da reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os discípulos do samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio.

Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre.

Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.

Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível.

No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:

– Como o senhor pôde suportar tanta indignidade?
Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?

O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou:

– Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente?

– Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo.

Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre.

Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.

Por essa razão, a sua paz interior depende exclusivamente de você.
As pessoas não podem lhe tirar a calma, se você não o permitir.

* * *
Sempre que alguém tentar tirar você do sério, lembre-se da sábia lição do velho samurai.

Lembre-se, ainda, que seus atos lhe pertencem. Só você é responsável pelo que pensa, sente ou faz.

Só você, e mais ninguém, pode permitir que alguém lhe roube a paz ou perturbe a sua tranquilidade.

Foi por essa razão que Jesus afirmou que só lobos caem em armadilhas para lobos.

Assim, aceitar provocações ou deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe exclusivamente a cada um de nós.
Pensemos nisso!

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