O dia era 06/10/2010 – Antonio (com 8 anos) e eu…
Pão a quatro mãos…
Pela manhã, enquanto preparava a massa do pão…
“- Mãe, já sei o que eu vou ser quando crescer!” Disse meu filho.
“- Padeiro, como você!”
Precisei conter o riso pela graça que acabava de ouvir e claro, sem contar minha corujice toda, que colocada à prova, fez-me segurar a vontade de dar um amasso nele!
Colocou-se todo solícito para ajudar-me com os ingredientes e experimentar as texturas vindas da mistura que estávamos prestes a fazer.
Expressões desde:
“- Que legal que é o fermento!”
Até outras como:
“- Ai que melequento que é o ovo!”
Foram ouvidas e acompanhadas das caretas mais diversas.
E a conversa prosseguia:
“- Mãe, agora posso por o leite?”
No que eu respondia:
“- Espere, meu filho, vou esquentar…”
E foi mexendo.
Dissolvia o fermento no açúcar e achava o máximo a nova experiência.
“- Mãe, posso quebrar o ovo, deixa mãe?”
“- Vai, filho, mas quebra numa tigelinha antes porque se cair casquinha na massa vai quebrar o dente de alguém.”
Aqueci o leite e coloquei na mistura, depois pedi ao Antonio que, com as mãos bem limpas a mexesse…
Com cara de quem não estava muito a fim de “melecar” as mãos disse:
“-Mas mãe, eu mexo com a colher mesmo, olha só!”
“- Não, filho, com a colher a gente não percebe se o açúcar derreteu todo antes de adicionar o resto dos ingredientes, entendeu?”
“-Entendi, mãe!”
Colocou as mãos na mistura e começou a relatar sobre a temperatura do leite, sobre o açúcar que ainda não estava todo dissolvido, pediu para que eu adicionasse todos os outros ingredientes enquanto o quadro acima das bocas e caretas acontecia.
Colocamos os ovos, o óleo, e a cada novo ingrediente tinha sempre uma nova observação, quente, frio, gosmento, melequento, grudento e todos os outros “entos” possíveis.
Comentei sobre a farinha integral explicando que a massa fica um pouco mais pesada que o outro pão feito com a farinha branca.
E ele ali, firme e forte misturava e conversava comigo sobre a “filosofia” do pão!
Amassamos juntos o pão, apertamos, batemos a massa com punhos fechados para que ela ficasse bem misturada. Enrolamos os pães, esperamos crescer e os colocamos para assar…
Pão a quatro mãos! Pão feito com o coração.
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