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Um filho melhor para este planeta…(LXIX)

Pai, obrigada por tudo o que me ensinou, pelo que me fez acreditar, sonhar, viver, experimentar.
Te amo muito, te amo sempre. Sua filha, Celi.

Conversando com meu filho…

” 27 de maio de 2005, sexta-feira.

Filho, ontem você prendeu o seu dedo na roda do carrinho de rolemã.
Acredito que pelo “rombo” ficará uma pequena cicatriz.
Você é o rei do band-aid, para tudo você quer um curativo.
Chega a usar uma caixinha por conta dos seus exageros.
Mas como este machucado foi diferente, você dizia que precisava de um curativo maior e explicava que o band-aid era só para machucados pequenos.
Seu pai ficou todo chateado pelo que aconteceu, vocês brincavam juntos e ele não consegui evitar que se machucasse.
Mas você é um menino forte e logo esqueceu a dor e manteve os cuidados com seu dedo esfolado, como por exemplo o de não tomar banho para o seu dedo não arder.

Mudando de assunto, você está aprendendo sobre o sistema solar.
Já sabe o nome dos planetas e como se ordenam.
Sabe das cores que eles tem e porque Mercúrio é mais quente e Plutão , que você fala suprimindo o “L”, é mais frio.
Inventou até um nome diferente para um planeta novo: “Putuno”.”

Lições que aprendi…

Meu coração doía cada vez que Antonio fazia um machucado ou quando o levávamos para tomar alguma vacina intramuscular.

Confesso que se não fosse o Alexandre por perto na maioria das vezes, eu não saberia como lidar.
Isto é meu desde que me conheço por gente.
Não consigo assistir filmes de ação que tenham cenas de violência, nem de guerra.
Quando aparece alguma cena assim cubro os olhos, saio da sala e depois, se o Alexandre estiver assistindo comigo, peço que me diga o que aconteceu.
Do contrário não ficarei sabendo de jeito nenhum.

Os noticiários da TV então, assisto cada vez menos porque fazem apologia à desgraça alheia cada vez mais.
Fico pensando que se vivemos neste mundo até agora, é porque acontece mais coisas boas aqui do que ruins, mas onde é que elas estão noticiadas?
Em pequenas notas, ocupando pouco espaço em qualquer mídia. Basta ler, ouvir, assistir.

Vejo como resultado do que leio e assisto um sério problema de autoestima e uma tendência natural para a vitimação.
Querem um exemplo?
Quando faço um elogio sobre a roupa que uma amiga está usando, na maioria das vezes ouço que a roupa é velhinha, ou que pagou tão baratinho por ela…Ficamos sem graça!
Porque não dizer: -” Eu também gosto e sinto-me bem com ela, obrigada”
Qual a dificuldade em dizermos isto?
Qual é o problema em dizer ao outro que sim, eu me sinto muito bonita, ou bonito quando a uso?
Ou, também acho que me cai bem.

Li sobre termos esta atitude um dia em algum lugar, ou ouvi, não sei e agora quando recebo um elogio assim, digo:
“- Que bom que gostou, eu também gosto muito!”

É o exercício do amor próprio, do estar de bem com a vida, consigo mesmo.
Do estar de bem com o outro também.
De acordar com um “- Bom dia!” de cultivar o bem estar e o otimismo.
De fazer florescer onde estivermos plantados.

Meu Deus, desde que o mundo é mundo ele só está em pé porque há muito mais pessoas fazendo o bem e combatendo o mal do que o mal em si.

E isto diga-se em todas as partes: nas artes, nas ciências, nos avanços da tecnologia auxiliando a cura de doenças, na própria medicina, na descoberta de novos materiais sustentáveis, no apelo que se faz pela preservação do meio ambiente, nas pessoas que estão próximas a nós e são militantes no bem, em trabalhos voluntários de toda a natureza espalhados por este imenso planeta azul!

E o que você está fazendo para mudar isto? Qual é a sua parte nessa história?
Sim, porque, todos os dias fazemos parte desta história que nossos filhos contarão aos nossos netos, bisnetos, tataranetos…
Somos a continuidade da mesma história que começou há milhares de anos, aquela mesma que lemos nos livros da escola, que fala dos reis, rainhas, colonizadores, de antepassados nossos…

Podemos até ser de outro planeta, mas com certeza não caimos aqui de para-quedas.

Um pouco difícil de entender? Pode ser…
Mas, cada um a seu tempo e a seu turno.

E no final, sento-me para fazer a tarefa escolar de literatura com meu filho e ele, poeticamente escreve:

“Existe infinito
no finito,
o preto
no branco.”

E sem “putunos” ou band-aids, espero como mãe, fazer a minha parte para deixar um planeta melhor ao meu filho e um filho melhor para este planeta.

Deus te abençoe.
Obrigada por estar aqui.

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Você poderá ler os assuntos alternadamente ou acompanhar desde o início capítulo por capítulo.

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Você também poderá ler outros textos que publico no blog

sal de açúcar

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