Pela manhã, ao acordar, fui até o quarto do meu filho que dormia tranqüilamente em seu berço o sono dos anjos.
Antonio tem apenas 1 ano e dois meses. Passei a mão sobre sua cabeça e pedi a Deus que cuidasse do seu futuro.
Pensei em tantas coisas boas que ainda quero viver ao seu lado, nas alegrias que quero dividir, nas emoções que quero compartilhar.
Pedi a Deus que nos conduzisse a um mundo cheio de paz.
Fiquei ali, parada olhando para ele, ouvindo sua respiração, esperando que acordasse a qualquer momento com seu maravilhoso bom humor matinal.
Antonio, quando acorda, senta em seu berço e nos espera sorrindo erguendo seus pequenos braços para nos saudar em mais um dia.
É luz. E é a maior expressão de vida que me impulsiona a superar quaisquer situações sobrepostas à minha correria profissional ou pessoal.
Volto ao meu quadro inicial, observo brinquedos coloridos espalhados por todo o chão, aviões e caminhões estacionam nas pequenas vagas destinadas a bolas, cavalo de pau e um enorme cachorro de tecido deitado no meio do quarto.
Pequenos quadros na parede, pintados a mão por mim mesma, em momentos de uma feliz cumplicidade, quando ainda estava grávida.
Ao mesmo tempo em que observo Antonio mais uma vez, penso em outras mães e outros filhos, que não possuem esta rara oportunidade de amor e contemplação.
E mais uma vez, agradeço a Deus por estar ali, ao seu lado apenas esperando que acorde para iniciarmos outro dia.
Agradeço pela primeira hora de cada manhã, ser eu a pessoa que irá vê-lo abrir os olhinhos, abraçá-lo, segurá-lo no colo, e rir com ele!
Que bom se todas as mães do mundo pudessem, ao acordar, ter alegria e paz junto aos seus pequenos filhos. Ouvir sua respiração no berço enquanto ainda dormem. Olhar seus brinquedos e saber que seus filhos são felizes naquele pequeno universo.
Por outro lado, toda a imagem se desmonta, como se fossem pequenas peças de um quebra-cabeça, ao imaginar-me como as mães num mundo em guerra. Ao olhar para o meu filho tão inocente dormindo, imagino como deve ser o olhar destas mulheres para os seus filhos, o que lhes reserva a vida em meio a bombas, mísseis e miséria.
Não há quartos nem brinquedos, seus filhos sujeitam-se a dormir ao relento, em caixas, em redes, ou no chão. Não há água sequer para limpar a sujeira de seus rostos, para dar-lhes o mínimo de dignidade.
Enquanto isso, aqui do outro lado do mundo, meu filho começa a acordar, alegre, forte, sorridente. Já me vê em pé ao lado do berço e começa a brincar. Reflito sobre o tempo que passamos juntos e nas mães que mal conseguem dimensionar o tempo.
Meu dia hoje será de orações para as mães que estão vivendo em meio à guerra. Um dia todo pedindo a Deus que as proteja e aos seus filhos. Que amanhã possam acordar deste pesadelo num quarto cheio de brinquedos coloridos olhando seus filhos dormindo em paz.
DEUS ESTEJA COM TODAS ELAS.
************************************************************************************************
A proposta do DIÁRIO DE ANTONIO é a de um livro virtual.
Você poderá ler os assuntos alternadamente ou acompanhar desde o início capítulo por capítulo.
Nele você poderá consultar o índice e escolher o texto que preferir para leitura
Você também poderá ler outros textos que publico no blog
Seja bem-vindo, seja bem-vinda, obrigada por sua companhia.