Através de sua página no “facebook” o prefeito eleito de Curitiba, Rafael Greca, acaba de propor o cancelamento da 35ª Oficina de música de Curitiba, que deve (ou deveria) acontecer em janeiro de 2017. Sua postagem aconteceu por volta das 11 horas deste dia primeiro de dezembro. Esta postagem inicia da seguinte forma: “Estou pedindo ao prefeito Gustavo Fruet que cancele a 35ª Oficina de Música de Curitiba – prevista para janeiro próximo – sem fonte de recursos para sua realização”. Alegando suas razões o prefeito afirma: “a Prefeitura de Fruet não nos informou este provisionamento, nem qualquer outro dado sobre o quadro econômico da administração municipal”. Eu particularmente fiquei chocado, e sei bem o que significa cancelar um evento desta magnitude 40 dias antes de seu início. A Oficina de música de Curitiba atrai para cá alunos de todas as partes do mundo e um grupo fantástico de músicos que atuam como professores dos cursos. Para quem não sabe, a Oficina conta com professores que, além dos brasileiros, vêm para cá da Europa, da Ásia e da América do Norte. Muitos deles possuem uma agenda carregadíssima, e há muitos meses tem datas reservadas para virem a Curitiba. O cancelamento sumário do curso atrelado com a Oficina de Música incorre primeiro num descrédito enorme frente à organização do evento. Pessoas de nível internacional acabam vindo a Curitiba pelo prazer do excelente clima do evento, já que seus caches são, para eles, uma pequena parte do que costumam ganhar. Estes grandes artistas, um mês antes do evento, serem desconvidados é um motivo bem forte para que não retornem. O mesmo se refere aos alunos, cujo nível vem ficando mais elevado de ano para ano, que já se planejaram e que, com certeza, se sentirão frustrados.
Perguntas que necessitam ser respondias
Perguntaria de início ao pessoal da Fundação Cultural de Curitiba: é verdade que não há verba “provisionada” para o evento, como afirma o prefeito eleito? Pelo que eu sei 90% das passagens internacionais já foram compradas. E perguntando ao prefeito eleito: a ideia é cancelar ou adiar? Faço esta pergunta pois nos comentários chega-se a afirmar isso, apesar de que no texto principal só se fala em cancelamento. Para mim um adiamento é tão desastroso quanto um cancelamento. O adiamento seria para julho? A Oficina de Música de Curitiba competiria com o Festival de Campos do Jordão? E o planejamento de alunos e professores? Não sei se seria uma boa ideia. De qualquer maneira o atual prefeito mantém a ideia de realizar a oficina como planejado. Aqui você poderá ver a nota publicada pela prefeitura. Mas não podemos esquecer que a Oficina acontece já no período da gestão do novo prefeito.
Saúde versus cultura
Na página do prefeito eleito vem a seguinte afirmativa: “Como pretendo priorizar o atendimento à Saúde Pública a partir de janeiro não tenho outra saída senão adiar a despesa com a Oficina de Música, estimada em R$ 1,7 milhão”. Será que R$ 1,7 milhão de reais resolveria o problema de saúde da cidade. Jogar a “inutilidade” da cultura com a “imprescindível” saúde não parece, no meu ver, ser a saída. Outra frase me causou espanto: ”… buscando a eficiente satisfação da Saúde Pública. Isto para que a Música possa harmonizar a vida saudável dos curitibanos e não seja apenas uma triste pavana, lamento de missão não cumprida”. Esta argumentação propiciou diversos comentários no facebook dando razão ao prefeito eleito. Algumas pérolas: “Excelente iniciativa! Não podemos gastar com eventos que não salva vidas! Tudo ao seu tempo! Priorize a vida”! “Parabéns prefeito, saúde é prioridade, música pode esperar”. “É isso aí! Só gastava em coisas desnecessárias. Agora vamos priorizar coisas realmente importantes. Muito bem Rafael”. Decididamente, foi aberta a Caixa de Pandora.