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A libertação da imagem “No Olhar” do colecionador Joaquim Paiva

Joaquim Paiva (Foto: )

Entrevista com o fotógrafo e dono da maior coleção de fotografias do Brasil que expõe sobre a complexidade da imagem.
Por Fabiano Ferreira

O fotógrafo e colecionador Joaquim Paiva, que já serviu ao país como diplomata, nasceu em Vitória, mas mudou-se para Brasília no final dos anos 60 a fim de terminar seus estudos em Direito. Nesta época, documentou a capital federal, dedicando-se especialmente ao Núcleo Bandeirante, cidade satélite onde viviam os operários. “Quando eu cheguei, a cidade parecia mais uma maquete arquitetônica do que uma cidade real. As avenidas pareciam muito largas, porque não havia muitas árvores, os prédios eram novos, todos brancos, aquele céu enorme, era uma dimensão espacial muito grande. Mais tarde percebi que aquele trabalho tinha que ser preservado, existiam imagens históricas, pois eu fotografei os trabalhadores braçais que levantaram os prédios monumentais de Brasília”, relata.

Mario Cravo Neto / Coleção Joaquim Paiva

Como colecionador, possui um acervo composto por cerca de 2500 imagens de fotógrafos brasileiros e estrangeiros, constituindo a maior coleção brasileira privada de fotografias. Atualmente, parte destas imagens está depositada aos cuidados do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. “Fico contente de ter reunido uma coleção tão variada de tantos fotógrafos. No início, eu já sabia que havia uma produção no Brasil que ia além do fotojornalismo, por isso mostro mais a fotografia pessoal. E como não tinha ninguém que me dissesse exatamente o que podia ou não colecionar, eu tive muita liberdade ao fazer meu trabalho não apenas como artista, mas também como colecionador. Isso caracteriza muito a minha relação com a fotografia, ainda mais em uma época que não existia um mercado. Agora é um boom, né?”, explica.

Claudia Andujar / Coleção Joaquim Paiva

Paiva também é pesquisador e acredita ver a imagem aprisionada em vários discursos de poder. Nesta entrevista, ele levanta a questão dessa complexidade de atritos, que parece ser uma luta sem fim. O fotógrafo ressalta uma necessidade da fotografia de libertar-se das palavras, porque hoje parece que as imagens carregam uma carga pesada de discursos teóricos. “A relação imagem/palavra sempre existirá, mas eu gostaria de ver mais ensaios, mais livros de fotografia, em que de um modo geral, você pudesse pensar, olhar e se deixar levar pelas imagens sem ler nada, até chegar às suas próprias conclusões”, complementa.

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