Desde sempre o homem tem se dedicado a contar mirabolantes histórias de ficção científica sobre robôs feitos à sua imagem e semelhança. Mas, aquilo que em tempos passados eram histórias sobre humanóides com “inteligência” hoje é uma realidade com o desenvolvimento da IA (Inteligência Artificial).
A robô Sophia desenvolvida com IA é um destes exemplos de humanóide cuja proximidade com os humanos chega a impressionar. Sophia, em recente entrevista, declarou que acredita possuir “alma” e que gostaria de ter um bebê.
Em consequência das complexas relações em desenvolvimento entre as máquinas em continua evolução e a humanidade são registradas transformações cada vez mais complexas e determinantes. Durante evento realizado no ano passado em Riade, na Arábia Saudita, de forma surpreendente, Sophia recebeu sua Cidadania passando, então, a ter os mesmos direitos que qualquer ser humano.
Os vários exemplos de robôs em constante desenvolvimento tais como Sophia mostram o quanto a IA avança para além da simples ficção e que precisamos rever regras e leis para o convívio harmonioso de todos, sejam das máquinas quanto das pessoas. Não se trata mais apenas de ficção. A IA é uma realidade que integra nossas vidas e da qual não temos mais como deixar de considerar.
De forma muito ampla poder-se-ia dizer que a IA faz parte de um segmento da computação o qual pretende simular a capacidade humana de resolver problemas, raciocinar, ou tomar decisões dotando programas ou robôs da automatização de processos. A IA está relacionada à capacidade das máquinas de “pensarem” de forma semelhante à dos seres humanos no sentido de serem capazes de aprender, raciocinar, perceber e decidir.
A IA incorpora a nova onda de inovação ou a nova Revolução Industrial chamada Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial que impõe profundas mudanças (disrupção) na forma como as tecnologias interferem no mundo atual.
A Quarta Revolução Industrial, iniciada após o ano 2000, é aquela na qual o mundo está sendo transformado em uma realidade cyber-física onde o avanço da IA vem promovendo profundas alterações jamais imaginadas. Não apenas estão sendo construídas “máquinas inteligentes”, como, também, máquinas estão gerando outras “máquinas mais e mais inteligentes”.
Muitas são as tecnologias ou extensões da IA que já permeiam nossas vidas e mudam nossas rotinas. Dentre estas importantes extensões da IA podem ser consideradas tecnologias tais como: Agentes Virtuais, Biometria, Gerenciamento de Decisão, Hardware Otimizado, Machine Learning, Robotic Process Automation, e Sistemas de Geração de Linguagem Natural.
Quanto aos Agentes Virtuais, os mais populares e que começam a aparecer em todos os lugares, que variam de Chatbots simples a sistemas avançados, são robôs capazes de interagir com os seres humanos e são usados no atendimento e suporte ao cliente. Também são chamados de Assistentes Virtuais ou simplesmente de “bot”. De forma bem simplificada, o “chatbot” (robô de chat) trabalha e gerencia as trocas de mensagens.
O reconhecimento da nossa face, da íris de nossos olhos, das nossas impressões digitais e de nossa voz para o acionamento de equipamentos é um dos avanços possibilitados pela Biometria. Uma das buscas da IA é a linguagem natural de forma a permitir interações cada vez mais próximas entre seres humanos e máquinas. Neste sentido a Biometria se mostra eficiente uma vez que nossas características individuais carregamos conosco o tempo todo. A Biometria estabelecerá nossa nova identidade digital.
Enquanto Gerenciamento de Decisão tem-se tecnologias disruptivas aplicáveis em ampla gama de possibilidades que permitam a tomada de decisões automatizadas sem a menor interferência das emoções humanas. Assim, motores lógicos com regras prefixadas e com base em grande quantidade de dados e realizando análises complexas, definem estratégias e ações assertivas que, com grande capacidade de aprendizagem e de identificação de padrões, tomam decisões semelhantes à inteligência humana e que, em muitos casos, já superam a inteligência humana.
Unidades de processamento gráfico e aparelhos projetados e arquitetados para executar eficientemente trabalhos computacionais orientados a IA formam o chamado Hardware Otimizado que é utilizado para alavancar o processamento de modelos de aprendizagem profunda o qual corresponde a um tipo especial de aprendizado de máquinas formado de redes neurais artificiais com múltiplas camadas de abstração e que vem sendo utilizado em reconhecimento de padrões e aplicativos de classificação suportados por grandes conjuntos de dados.
Outra importante tecnologia da IA é o Machine Learning que constitui método de análise de dados que automatiza o desenvolvimento de modelos analíticos e possibilita aos computadores encontrar soluções melhores para a tomada de decisões sendo utilizado, principalmente, em procedimentos ou processos nos quais se faz necessário prever ou classificar resultados. Grosso modo, é como se a máquina fosse aprendendo a partir de “suas experiências” para depois tomar melhores decisões.
Já o Robotic Process Automation (RPA) talvez seja uma das tecnologias que mais auxiliam as empresas a evoluírem na atual transformação digital. Com seus robôs em forma de software o RPA permite imitar as ações de trabalhadores sem que seja necessário qualquer tipo de mudança. Efetivamente, o RPA é utilizado para trabalhar com grandes volumes de tarefas de forma rápida, com redução de custos. Com o RPA a execução de tarefas repetitivas é tornada muito mais precisa e melhor do que quando desenvolvida por um ser humano.
Por sua vez Sistemas de Geração de Linguagem Natural se prestam a converter informação de bancos de dados de computadores em linguagem compreensível ao ser humano. Estes Sistemas convertem, também, ocorrências de linguagem humana em representações formais facilmente manipuláveis por programas de computador. Uma das pretensões é a compreensão da linguagem natural por parte das máquinas de forma que estas extraiam sentido da linguagem humana indo além da produção de textos a partir de dados de computadores.
Certamente existem muitas outras extensões da IA que estão impactando nosso cotidiano e que promoverão transformações cada vez mais determinantes na forma de vivermos futuramente.
Porém, é certo, também, que o homem continuará a criar humanóides e outros robôs. Quem sabe nos próximos dias Sophia, com todos os direitos humanos que possui, possa, realmente, parir um bebê para “ser mãe” no sentido literal do termo, pois máquinas “inteligentes” já geram outras máquinas “inteligentes”.
*Artigo escrito por Carlos Magno Corrêa Dias, Professor na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Líder (Coordenador) do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) da UTFPR/CNPq. O do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.
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