Desgraças como a que vitimou Eduardo Campos, especialmente diante das dimensões superlativas da configuração de poder em que ele estava inscrito, são capazes de mobilizar incrivelmente o imaginário. O melhor exemplo disso é a primeira frase que ouvi sobre o caso, captada assim, lateralmente, durante uma caminhada pela Praça Tiradentes no final da manhã: “Você viu? Caiu o avião do candidato! Será que derrubaram?”. E não é coisa de maluco: se você for ao Facebook neste momento, há de encontrar coisas semelhantes ditas por amigos até então vistos como ponderados.
É a tal teoria da conspiração, coceguenta e irresistível, que há de culpar Dilma, Aécio, Marina e até potências estrangeiras pelo ocorrido. O fato de ter sido um acidente aéreo, aliás, confere ainda mais estranhamento ao caso – em certo nível psíquico, voar ainda carrega uma carga de mistério.
Afora isso, vale reproduzir a observação feita pelo Mazza há pouco na CBN: no Brasil, candidato morto tem mais poder do que candidato vivo. Em termos históricos, a colocação é perfeita; em termos antropológicos, idem: ao ingressar no panteão dos antepassados, afinal, os desaparecidos assumem tanto uma moral inatacável quanto um poder infalível de fiscalização. Viram figuras tutelares, juízes e medianeiros, especialmente em uma sociedade tão permeada de santos, milagres e embates corriqueiros com o Mal.
Por fim: diante das circunstâncias, é um truísmo passável afirmar que a campanha presidencial ganhou contornos vertiginosos. Fico imaginando como anda, neste momento, a cabeça dos marqueteiros. Hora triste, hora extraordinária.
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