A realidade não tem compromisso com a coerência, mas as narrativas que são criadas a partir dela têm a obrigação de ter. Parece ser justamente esse o motivo da nova série de propagandas institucionais que o governo do Paraná tem veiculado na televisão; é preciso terminar o roteiro da gestão de forma que faça sentido aos eleitores. E, se o mantra de Beto desde 2015 tem sido “o melhor está porvir”, nada mais coerente que dizer agora, nos últimos atos, que o melhor finalmente chegou.
Na ponta do lápis, o governo ainda não acabou; falta cerca de 20% do mandato, mas a era Richa termina em duas semanas, por isso a propaganda, apesar de institucional, fecha o ciclo do governador, não de seu governo. Nas peças publicitárias não há referência ao futuro. Nada se promete nem projeta.
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A série é temática, cada propaganda fala de uma área de governo. Sobre segurança pública, o governo destaca a contratação de policiais e compra de novas viaturas. No vídeo, até os coletes balísticos usados pelas forças de segurança aparecem bem.
Quando o assunto é infraestrutura, a peça publicitária pinta um estado conectado por rodovias duplicadas, com faixas vistosas e piso regular. Quem mora em Umuarama, por exemplo, e circula pelas precárias rodovias estaduais 323 e 468, deve dar saltos no sofá ao ver as propagandas na televisão.
Ouros temas como saúde e educação também são abordados, sempre com a mesma retórica, mais preocupada com a coerência da narrativa que da própria realidade.
Sugerir que as propagandas foram feitas já de olho em uma eventual campanha de Richa ao Senado seria leviandade, mas imaginar que a campanha de governador ao Senado seguirá o mesmo tom dessas peças institucionais é um palpite mais seguro.
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