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A euforia sobre a candidatura de Cida Borghetti começa a se dissipar

Cida Borghetti (PP) pode tirar boas lições do caso Tesla para sua campanha ao governo do estado (Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo) (Foto: )

Em abril de 2017, a montadora americana Tesla superou outras empresas tradicionais do setor e virou a fabricante de veículos mais valiosa do mundo. Há poucos dias, depois de um período de queda, as ações da empresa já valem menos que as da Ford. A euforia do mercado em relação à companhia não resistiu a golpes da realidade, como falhas de fabricação nos veículos e um acidente fatal envolvendo um carro autônomo da empresa.

Cida Borghetti (PP) pode tirar boas lições do caso Tesla para sua campanha ao governo do estado.

Quando o governador Beto Richa (PSDB) anunciou que renunciaria ao cargo para disputar uma cadeira no Senado Federal houve uma excitação em torno da candidatura da então vice-governadora – que assumiu o comando do estado na última sexta-feira (6). De uma hora para outra, os comentários sobre a candidatura de Cida passaram de “ela assume o governo, mas só tem 5% das intenções de voto”, para “ela só tem 5% das intenções de voto, mas assume o governo”.

As mesuras trocadas entre o grupo Barros/Borghetti e os tucanos do círculo do ex-governador Beto Richa e a perspectiva de uma composição partidária grande o suficiente para sufocar as outras campanhas contribuíram para que esse entusiasmo fosse inflado ainda mais.

Passados mais de dez dias desde o anúncio, a realidade parece estar fazendo seu trabalho de dissipar a nuvem de euforia. Já com os pés no chão, as análises que correm no Centro Cívico parecem estar menos obnubiladas e levam em conta questões indispensáveis: mesmo com uma forte aliança partidária dando suporte, Cida terá condições de se fazer mais conhecida pelo eleitorado? Esses meses que passará à frente do governo serão suficientes para tirar suas intenções de votos do patamar de 5%, onde estava na última pesquisa de opinião, divulgada em dezembro? A capacidade de articulação partidária de Ricardo Barros (PP) é mesmo tão implacável a ponto de darmos como inviáveis as candidaturas de Ratinho Júnior (PSD) e Osmar Dias (PDT)?

As respostas definitivas para essas questões só virão em outubro, mas pensar sobre elas evidencia que o quadro eleitoral está longe de ser definido e que todo ele depende da capacidade de Cida em crescer nas pesquisas. Sem o indicativo de que a governadora disputa as eleições com chances reais de vencê-la, é difícil manter os apoios angariados até agora. Nem a mais hábil e certa costura partidária resiste a uma candidatura que não decola.

Nesse tempo entre o anúncio de Richa e a cerimônia de posse de Cida, os outros candidatos também deram suas lufadas para ajudar a dispersar a excitação em torno da candidatura palaciana.

Ratinho Junior vem difundindo entre aliados a tese de que sua candidatura cresce em um movimento silencioso. Ele usa a adesão do Partido da República a sua candidatura para sustentar essa tese.

Outra estratégia tem sido mostrar que a campanha não está perdendo apoios na Assembleia Legislativa – o que seria um cenário a ser considerado com Cida assumindo o comando do estado. Na Assembleia, Ratinho – depois do fim do prazo possível para a troca de partidos, que termina no sábado (7) – deve ter uma base entre 15 e 20 parlamentares. Isso não dá a maioria a Ratinho, mas mostra que a campanha está conseguindo aglutinar um número significativo de lideranças.

Osmar Dias segue mais retraído, não parece estar fazendo os mesmos esforços dos oponentes para mostrar a viabilidade de sua candidatura. Os aliados, entretanto, têm saído em sua defesa. O primeiro argumento é de que ele tem uma história política mais longa que os outros candidatos, portanto tem um nome mais consolidado no cenário político paranaense, algo que pode fazer diferença, especialmente em uma campanha eleitoral curta.

Outro ponto levantado pelos aliados é que dos três principais candidatos postos, Osmar é o único que pode romper com a ideia de continuísmo com o governo Richa, algo que pode ser positivo para seu desempenho eleitoral.

Por fim, Osmar conta ainda com o trunfo da candidatura de Álvaro Dias (Podemos), seu irmão, à Presidência da República. A turma de Osmar trabalha com a hipótese de Álvaro ser o mais votado no estado. Nesse cenário – mesmo que o presidenciável não entre com força na campanha do irmão – o parentesco entre os dois pode beneficiar Osmar.

Retomando a comparação com a Tesla, não é o caso de achar que Cida Borghetti seja uma bolha sem lastro, mas certamente sua cotação andou descolada do valor real nos últimos dias.

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