Na política não há vazio de poder. A derrocada do grupo do ex-governador Beto Richa (PSDB) abriu espaço para o fortalecimento de novas lideranças e gerou uma movimentação nas costuras e alianças da política paranaense. Dois nomes saíram fortalecidos das urnas: Ratinho Junior (PSD) e Fernando Fransichini (PSL). Consolidar essa liderança local é algo que exige habilidade de articulação política e, por enquanto, Ratinho Junior tem se destacado nesse ponto. É claro que o fato de ele ter sido eleito governador enquanto Francischini garantiu uma cadeira na Assembleia também colabora para isso.
Ainda que o discurso antipartido tenha sido a tônica das eleições deste ano, Ratinho sabe que para governar precisa do apoio das legendas e dos deputados. E ele tem adotado uma estratégia de trabalhar além dos óbvios apoios formais.
O movimento para ter ascendência sobre outras legendas além do PSD não é novo, mas tem se fortalecido. A estratégia parece ter começado em 2016, quando Ratinho deixou o PSC e migrou para o PSD. Com a mudança, ele deixou correligionários em postos chave da legenda que saiu e, com isso, onde vai o PSD, o PSC vai atrás. Na prática, o governador eleito comanda dois partidos. Somadas, as duas legendas que estão sob comando direto de Ratinho elegeram nove deputados estaduais.
Outra estratégia de Ratinho nas eleições deste ano foi “infiltrar” aliados em outros partidos. Desse modo, ele consegue um apoio sólido de parlamentares em diversas legendas.
Esse é o caso, por exemplo, do deputado estadual Soldado Adriano (PV), eleito com 33 mil votos. Adriano é Policial Militar e trabalhava na equipe de Sargento Fahur, deputado federal mais votado, que foi eleito justamente pelo partido de Ratinho. Apesar ter sido eleito pelo PV, Adriano é aliado de primeira hora de Ratinho. Sua filiação ao Partido Verde aconteceu por indicação do governador eleito.
Com essa estratégia, Ratinho consegue manter o apoio em partidos aliados sem depender exclusivamente dos caciques das legendas. Naturalmente, esse diálogo é importante, mas tendo o compromisso dos próprios parlamentares, ele fica em posição muito mais favorável para a negociação.
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