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Ilustração: Felipe Lima
Ilustração: Felipe Lima| Foto:

Rafael Greca (DEM) não é muito dado às discussões políticas e ideológicas. O prefeito de Curitiba muda de partidos e reorganiza seus aliados políticos sem demonstrar constrangimento. A postura de Greca é pragmática e isso tem sido um trunfo de sua gestão. Quando sua aliada Cida Borghetti (PP) perdeu a disputa para o governo do Paraná, por exemplo, o prefeito não hesitou em se aliar ao grupo de Ratinho Junior (PSD).

É claro que o prefeito tem seus posicionamentos políticos. Suas ações como gestor deixam claro que no Palácio 29 de Março está sentado alguém muito mais à direita do que à esquerda, que defende um estado menor, com maior participação da iniciativa privada e busca sistematicamente reduzir os gastos com funcionalismo público. Mas ao adotar uma retórica de zelador, Greca não tem deixado obstáculos ideológicos impedirem o fluxo de dinheiro estadual e federal para sua administração.

Essa característica do prefeito se revelou mais uma vez na semana passada, quando ele trocou o nanico Partido da Mobilização Nacional (PMN) pelo Democratas (DEM). Ao responder sobre quais as possíveis consequência da troca de partido para seu posicionamento político, o prefeito sintetizou sua postura de zelador.

“O meu partido é Curitiba. Os curitibanos sabem disso. Os curitibanos sabem que uma pessoa bem atendida no posto de saúde não pergunta pro médico se ele é do sindicato da esquerda ou da empresa terceirizada. O que importa é ser bem atendida. A função do prefeito é de viabilizar os serviços urbanos. Eu não vou ter aiatolás mandando em mim, o que é uma benção”, afirmou.

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A troca de partido já era esperada desde o fim das eleições de 2018, quando o PMN não conseguiu votos suficientes para superar a cláusula de barreira e por isso perdeu o direito de acessar os recursos do fundo partidário e de dispor de tempo no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral de rádio e TV. Para Greca, que nunca escondeu seu desejo de disputar a reeleição, ficar no PMN teria sido enterrar suas chances de lançar uma campanha competitiva.

Apesar de ter sido impelida pelo mau desempenho do PMN nas eleições, a ida do prefeito para o DEM parece trazer duas grandes vantagens para o prefeito – além dos recursos óbvios como Fundo Partidário e tempo de TV.

O primeiro ponto é que o DEM libera Greca de depender da benção de Ratinho Junior. Em 2016, quando foi eleito prefeito, Greca contou com o apoio do então governador Beto Richa (PSDB) e, numa eleição disputada, esse suporte foi fundamental. Acontece que agora Greca não é o primeiro da fila no Palácio Iguaçu. Quem parece estar nessa posição é Ney Leprevost (PSD). Portanto, se tivesse continuado no PMN, sem estrutura de campanha e de articulação política, perder o apoio da máquina estadual seria um duro golpe nas pretensões de Greca.

No DEM a situação é diferente. O partido é maior e, portanto, tem mais condições de articular politicamente e de bancar a candidatura de Greca mesmo disputando com outro candidato bancado pelo governo.

Outro aspecto relevante da mudança é que o DEM ocupa postos estratégicos na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Com isso, Greca cria um caminho direto com pastas relevantes do governo federal. Esse benefício já foi sentido na quarta-feira (3), quando ele formalizou sua filiação em um evento em Brasília. Após o compromisso partidário, acompanhado do deputado Pedro Lupion (DEM), Greca se reuniu com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ambos do Democratas. Nas duas reuniões, acompanhado de secretários municipais, o prefeito negociou recursos para Curitiba. Portanto, a nova legenda tem condições de facilitar o trabalho da prefeitura no período que antecede as eleições.

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Não é só Greca que sai ganhando; o DEM também tem suas vantagens. Com o prefeito em suas fileiras, o partido sai da posição de coadjuvante que tem ocupado em Curitiba e no Paraná. Com o comando da capital, a legenda tem bases sólidas para repetir no estado o crescimento que tem tido em todo o país. Atualmente, além de ter dobrado a bancada federal na comparação com 2014, os parlamentares do DEM presidem a Câmara e o Senado.

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