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Ilustração: Felipe Lima
Ilustração: Felipe Lima| Foto:

Fosse a disputa eleitoral uma corrida automobilística, os partidos agora estariam nos boxes, trocando pneus, redefinindo estratégias, enchendo o tanque e consertando eventuais avarias para seguirem na incessante corrida eleitoral. Após as acomodações decorrentes do resultado das eleições do ano passado, as legendas já estão com os olhos voltados nas disputas municipais de 2020 e em como elas podem interferir no resultado das eleições gerais de 2022.

No Paraná, grupos tradicionais tentam se reorganizar após a hecatombe que levou à queda dos dois pilares sobre os quais a política do estado se sustentou nos últimos anos: Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (MDB).

MDB

Comecemos, então, pelos partidos que têm o desafio de serem reconstruídos. No MDB quem comanda esse trabalho é João Arruda, que apesar de sobrinho do ex-presidente da legenda, Roberto Requião, já deixou claro que o partido não seguirá no mesmo rumo. Do ponto de vista ideológico, o MDB vai se afastar do PT. Essa ligação – especialmente a defesa que Requião faz do ex-presidente Lula – foi vista por muitos emedebistas como um dos motivos do péssimo desempenho eleitoral em 2018. Além de ter perdido a cadeira de Requião no Senado, o partido foi de quatro deputados federais em 2014 para dois em 2018 e de oito estaduais para apenas dois.

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Além dessa mudança, os emedebistas apostam que, sem Requião, a legenda fica menos personalista, o que pode aumentar a força regional da legenda, que é uma das mais capilarizadas em todo o estado. Atualmente, o partido está estruturado em 280 municípios do Paraná.

PSDB

O partido de Beto Richa, que era a legenda mais poderosa do estado há poucos meses, é agora, sob olhar otimista, um partido mediano. Dos sete estaduais eleitos em 2014, sobraram apenas três em 2018. Já a bancada de três federais foi reduzida a pó e hoje não um tucano paranaense com mandato em Brasília. Além, é claro, de terem deixado o governo do estado.

O partido ainda não escolheu o nome de seu reconstrutor. A convenção vai acontecer no começo de maio. Por enquanto o único nome que se apresentou para disputar a presidência foi o deputado estadual Paulo Litro, de 27 anos. Sua candidatura é fruto da construção de um grupo de jovens tucanos que querem renovar a legenda. A velha guarda, por enquanto, não tem um nome para a disputa e seu plano pouco auspicioso para continuar no poder consiste em tentar adiar por alguns meses a eleição interna.

PSD

Mesmo em uma posição confortável, o partido do governador não se acomodou sobre os louros da vitória eleitoral do ano passado. Com foco na reeleição de Ratinho Junior, a legenda tem buscado filiar o maior número possível de prefeitos. Para isso, relataram alguns políticos do interior que estiveram na Marcha dos Prefeitos, em Brasília, o partido não tem hesitado em usar o poder de persuasão e convencimento do governo. Tem sido comum, dizem, que o governo negocie ao mesmo tempo a liberação para municípios e a filiação de prefeitos. “O sujeito vai a Curitiba e já deixa duas assinaturas: uma no convênio e outra na ficha do partido”, contou um prefeito.

DEM

Em eleições anteriores, o Democratas nem entraria nesse compilado de “como estão se organizando as principais forças políticas do estado”. Entretanto, o crescimento nacional do partido – com postos de destaque no governo de Jair Bolsonaro (PSL) – e a atuação dos Lupion tem feito a legenda ganhar destaque no estado. Fruto disso é a filiação do prefeito Rafael Greca à legenda. Portanto, o partido que era um coadjuvante cada vez mais apagado nas gestões tucanas agora disputará a prefeitura da capital em 2020 e, assim, terá condições de ser personagem mais relevante em 2022.

PSL

Depois do avassalador desempenho nas eleições de 2018, o PSL quer se consolidar como uma força política relevante. O caminho para isso é tentar eleger o deputado Fenando Francischini para a prefeitura de Curitiba. Um desafio a ser superado para esse objetivo é constituir um grupo político. Apesar de ter uma bancada de oitos estaduais eleitos, os parlamentares – em sua maioria novatos – têm dificuldade em se articular para agir por um interesse comum.

PT

Em todo o Brasil, o Partido dos Trabalhadores está focado em defender a liberdade do presidente Lula. No Paraná, a legenda parece estar sufocada por essa pauta. Dois motivos levam a isso: o fato de o ex-presidente estar preso em Curitiba e de a presidente nacional da legenda ser a deputada Gleisi Hoffmann, principal nome do PT paranaense. Se a indicação de Lula for acatada e os petistas reelegeram Gleisi nas eleições internas que acontecerão em maio, o partido seguirá com dificuldades para construir condições de ter um bom desempenho nas eleições municipais do ano que vem. Em Curitiba, o partido que recentemente tinha três vereadores e a vice-prefeitura, tem agora apenas uma representante na Câmara Municipal.

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