Divulgação/Itamaraty
O delegado Roberto Cordeiro trabalha na embaixada brasileira em Paris, na via Cours Albert, distante 100 metros do Rio Sena e a meio quilômetro da Avenida Champs-Élysées. Tem renda bruta de R$ 52 mil. O agente Leonardo Soares Lima recebe R$ 38 mil – o dobro do que ganhava no Brasil. O agente Aldi de Souza, oficial de inteligência criminal, trabalha no Oficialato de Lyon, onde atua em conjunto com a Interpol. Também ganha R$ 38 mil por mês.
A embaixada do Brasil em Londres está localizada a 600 metros do Rio Tâmisa e a um quilômetro do Big Ben – uma das maiores atrações turísticas da cidade. É o local de trabalho do delegado Roberto Troncon, adido no Reino Unido. Ele tem renda mensal de R$ 51 mil. O agente Philipe Coutinho recebe R$ 40 mil.
Os altos salários não são exclusividade das embaixadas europeias. O delegado Guilherme Mattos de Oliveira trabalha no Oficialato de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com renda de R$ 52 mil. Lotada em Paramaribo, Suriname, a delegada Evangelina Trindade Miranda tem renda bruta de R$ 55 mil.
“Remuneração segue diretriz do governo”
Questionada sobre os elevados salários pagos aos adidos, a Polícia Federal afirmou que a remuneração dos servidores em missão no exterior “segue diretriz do Governo Federal e segue a tabela aplicada aos servidores do corpo diplomático brasileiro. A remuneração em questão é a mesma aplicada aos servidores da Marinha, Exército, Aeronáutica, Receita Federal, Anvisa, Abin, Ministério da Agricultura e do próprio Itamaraty quando em missão no Exterior”.
Sobre os vencimentos do perito Schlickmann, a PF afirmou que o servidor foi designado para representar os interesses brasileiros no Complexo Global de Inovação Tecnológica da Interpol em Cingapura. “O Complexo abriga policiais, acadêmicos e representantes de empresas de tecnologia com a missão de desenvolver ferramentas, técnicas e metodologias de investigação em Crimes Cibernéticos. Através do trabalho do Perito Schlickmann a Polícia Federal tem conseguido adquirir know-how para disseminar nas investigações conduzidas no Brasil”. Pelo trabalho realizado, Schlickmann recebeu recentemente o cargo de diretor Global de Cyber-Crime da Interpol.
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A respeito da atuação de Evangelina Miranda em Paramaribo, a Polícia Federal disse que coopera com a Korp Politie Suriname, agência policial local, para promover o intercâmbio de informações de interesse às investigações criminais brasileiras e daquele país. “Dentre as várias atividades desenvolvidas, destacam-se o combate ao tráfico de pessoas para fins de prostituição, tráfico de drogas, garimpo ilegal, pesca predatória, imigração ilegal”, diz nota da PF.
A busca de narcotraficantes, homicidas e corruptos foragidos
A Polícia Federal justificou a presença de policiais federais brasileiros nas embaixadas: “É evidente o aumento da criminalidade transnacional, com novas modalidades criminosas, em um ambiente cada vez mais globalizado, marcado pelo rompimento das barreiras e pela agilidade da circulação de pessoas, produtos e informações ao redor do mundo. Neste contexto cresce a necessidade da realização de atividades de cooperação policial internacional e o intercâmbio de informações entre países. Investigações criminais não estão mais restritas a provas ou indícios encontrados no Brasil. Dessa forma, é essencial que a Polícia Federal possua mecanismos que possibilitem a troca de informações ágil com instituições estrangeiras. Para tal, um dos principais instrumentos adotados é o estabelecimento de adidâncias e de oficialatos de ligação”.
Como exemplos desse intercâmbio, a PF cita as operações Tríplice Fronteira e Lionfish: “Outra importante função é apoiar na localização e extradição de foragidos da Justiça brasileira no exterior. Somente no ano de 2017, as adidâncias brasileiras e oficiais de ligação atuaram na localização e prisão para fins de extradição de quase 100 foragidos da justiça brasileira no exterior. Um dos casos foi a extradição do narcotraficante Javis Pavão, trazido do Paraguai para o Brasil. Cita-se, ainda, a localização e prisão dos homicidas Lee Ann e Mzee Shabani, além da prisão, localização e extradição de foragidos por crimes de corrupção como Henrique Pizzolatto”.