Pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, Alvaro Dias percorreu 11 estados em nove meses com passagens pagas pelo Senado Federal. A partir do lançamento do novo partido e da sua candidatura, em julho de 2017, o senador paranaense gastou R$ 54 mil nos deslocamentos para estados fora da sua base eleitoral. Isso representa 70% das despesas com passagens aéreas feitas pela “cota para o exercício da atividade parlamentar” no período.
Mas as despesas com viagens país afora já eram elevadas desde o início do ano passado. Considerando todo o ano de 2017, foram R$ 68,5 mil, de um total de R$ 118 mil gastos com passagens aéreas. Em 2016, quando ingressou no PV para viabilizar a candidatura a presidente, gastou mais R$ 76 mil em deslocamentos para fora da sua base eleitoral – cerca de 60% das despesas com passagens. Em parte das viagens, foi acompanhado por assessores, também com passagens pagas pelo Senado.
Leia também: Aos gritos de “Fora Grace”, procuradores escancaram insatisfação com advogada-geral da União
Em 2015, quando ainda não era presidenciável, gastou apenas 12,5% da cota de passagens com viagens para fora do Paraná – foram R$ 9,43 mil de um total de R$ 75 mil. Na legislatura passada, de 2011 a 2014, as despesas com deslocamentos pelo país também foram modestas – R$ 88 mil, de um total de R$ 332 mil reembolsados pelo Senado. Isso representa um quarto do total de gastos com passagens.
Reportagem publicada por este blog em 9 de abril deste ano mostrou as viagens de outro parlamentar pré-candidato a presidente, Jair Bolsonaro (PSL), pelo país, mas com passagens pagas pela Câmara dos Deputados. Na atual legislatura foram 71 viagens, ao custo total de R$ 139 mil. Ele visitou pelo menos 28 cidades em 18 estados. Na legislatura de 2011 a janeiro de 2015, foram apenas 16 viagens, com despesas de R$ 16,3 mil. A sua pré-candidatura começou mais cedo.
Pré-candidato contesta os prazos
Alvaro Dias diz que sua pré-campanha começou apenas em 23 de março deste ano, quando teria sido lançado pelo Podemos. “Desde que foi lançada a minha pré-candidatura presidencial pelo Podemos, fiz questão de separar a minha atuação parlamentar das ações como pré-candidato, e, por isso, suspendi o uso de passagens do Senado”, disse o senador. Segundo a assessoria de Alvaro, é o partido quem paga as despesas das viagens desde então.
Questionado se considera correto viajar pelo país em pré-campanha com passagens pagas pelo Senado, ele respondeu: “Não considero correto, e não estou fazendo pré-campanha com passagens pagas pelo Senado. Além disso, reitero que deixo de gastar anualmente até metade da verba que me é destinada para gastos com passagens, o que gera economia que ultrapassa R$ 100 mil por ano”.
O senador também foi questionado como justifica que, a partir de 2016, tenha gasto mais com passagens para fora do estado do que com deslocamentos para cidades do Paraná. “Como senador da República, fui convidado a dar palestras em várias partes do país, e estes convites foram feitos para que eu falasse como um senador, não como um pré-candidato”.
Senador admitia a pré-candidatura há mais tempo
Em entrevista ao blog de Camila Abrão, da Gazeta do Povo, em maio de 2017, quando estava de saída do PV a caminho do Podemos, Alvaro Dias foi questionado se continuava pretendendo ser candidato à Presidência. “Não se pode criar um partido postulando nada. Mas claro que posso atender a uma convocação se for chamado. É nesses termos que eu coloco. Agora, certamente que não faria sentido criar o partido para não ter candidatura própria”, respondeu.
Leia também: É tudo fake! Vídeos revelam a farsa das sessões fantasmas da Câmara dos Deputados
A pré-candidatura do senador foi anunciada pela primeira vez no dia 1º de julho do ano passado, no lançamento do Podemos em Brasília. Apresentado como um candidato “sensato” que vai unir o país, Alvaro Dias foi o último a falar no evento. “Vamos arrancar o Brasil das mãos sujas da corrupção dos que nos assaltaram os últimos anos. Sem reformas e sem mudanças, mergulharemos nas águas do fracasso”, disse o pré-candidato, segundo reportagem da Folha de São Paulo.
No lançamento do Podemos em São Luís, em 7 de julho, Alvaro afirmou que deseja, em seu programa de governo, integrar os estados e promover reformas. “Reforma na educação, na política, em tudo aquilo que deixa o brasileiro insatisfeito”, garantiu.
“O meu partido me convocou”
Em entrevista coletiva concedida na Federação das Indústrias do Piauí, em 2 de outubro, o senador confirmou sua pré-candidatura a presidente da república. “O meu partido me convocou. Esse é um momento de enorme responsabilidade. Todos os brasileiros conscientes devem exercer o protagonismo, pois a omissão pode ser uma tragédia para o futuro do nosso país”, afirmou.
Em 19 de novembro, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo, o senador divulgou a sua pré-candidatura e falou sobre alianças: “As alianças foram a causa dessa desgraça administrativa que se implantou no Brasil. Quero ficar distante desse conluio partidário promíscuo”.
Leia também: Documento secreto revela que Bolsonaro pediu ajuda a comunistas por reajuste a militares
Em entrevista ao Correio Braziliense, em 1º de janeiro, o senador foi questionado e falou sobre o perfil do seu vice-presidente: “O vice tem o seu momento. Temos até julho. Não vamos queimar a largada. O que posso adiantar é que ele não será uma escolha geográfica, nem de popularidade. É conceito. Será alguém que o eleitor vai olhar e ver que essa pessoa tem condições de exercer a presidência se houver necessidade”.
Nas últimas semanas, Alvaro Dias se aproximou do PRB de Flávio Rocha, dono da Riachuelo e também pré-candidato ao Palácio do Planalto. A sigla tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião