Existem alguns padrões de reação do público para o desfecho do UFC 194, na madrugada desse domingo (13), em Las Vegas.
A maior parte, é claro, se surpreendeu com o nocaute relâmpago que Conor McGregor aplicou no campeão José Aldo. Eu, inclusive, faço parte desse grupo.
Há quem se irrite com o fim precoce do combate, que poderia ser uma das melhores disputas de título da história do MMA. A luta durou somente 13 segundos, muito pouco perto da expectativa criada. É o risco do esporte de combate.
Um golpe aplicado no momento certo, com o ângulo perfeito e com a força exata pode acabar com uma dinastia de dez anos, como foi o caso do irlandês contra o brasileiro. Mas ao mesmo tempo fica um gosto de decepção para quem esperava um duelo mais equilibrado e emocionante. Entendo esse argumento.
Só não concordo com aquele velho papo que reaparece toda vez que um resultado controverso assombra o mundo das lutas. “Ah, certeza que é tudo armado”, diz fulano. “Alguém deve estar levando uma bolada”, aponta ciclano.
Afirmações sem base alguma e que ofendem quem vive do esporte. Em um rompante, Wanderlei Silva colocou lenha na fogueira em julho, depois da luta que deu o cinturão interino a McGregor. O lutador aposentado disse que poderia provar sobre lutas armadas. Falou demais e agora está sendo processado pelo UFC. Terá de provar na Justiça.
Veja só. Você acredita que uma companhia do tamanho do UFC, que vale bilhões, correria o risco de armar resultados? Imagine o impacto que esse tipo de situação traria aos acionistas da empresa caso algo desse tipo vazasse à imprensa – e essas coisas vazam, cedo ou tarde.
Além da importantíssima questão da falta de ética, não é evidente que não valeria a pena tomar um risco tão grande.
E tem outra. Os caras são atletas. Ninguém quer perder. Ainda mais perder sendo nocauteado, como foi nas últimas duas lutas de McGregor.
O fato é que o falastrão irlandês realmente conseguiu bancar, dentro do octógono, tudo o que diz fora dele. É um atleta do mais alto nível que agora está sendo reconhecido. Acertou o golpe perfeito, destronou o rei e tomou sua coroa. Sorte do UFC, que apostou nele, casou lutas contra adversários de estilos favoráveis em seu início, é verdade, mas o irlandês só virou campeão porque trabalha muito.
Ainda acho que a luta poderia ter outro final caso Aldo não fosse com tanta sede ao pote. Mas isso não importa, já que nunca saberemos. Essa luta ficou para a história.
Em uma revanche, no futuro, vamos ver o que acontece. Ninguém é campeão por acaso e ninguém fica invicto dez anos por sorte.