O que você quer ser quando crescer?
Ao contrário da maioria das adolescentes de sua idade, Pollyana Miiller, 14 anos, não tem dúvida sobre a profissão que seguirá. Há pouco mais de um ano, a paranaense de Almirante Tamandaré vive rotina digna de uma lutadora profissional. Um prodígio moldado diariamente no tatame.
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De segunda a sexta-feira, após a escola, ela passa pelo menos três horas diárias na academia CT Noguchi, no bairro Boa Vista, em Curitiba, treinando muay thai, jiu-jítsu, boxe e MMA. Os sábados são dedicados ao condicionamento físico.
Nesse período, a lutadora já conquistou alguns feitos. No ano passado, se tornou campeã paranaense (sub-15) e brasileira (sub-16) de muay thai na categoria até 51 kg. No MMA, são quatro lutas amadoras — e quatro vitórias.
Esforço precoce, dizem os críticos do Facebook (sim, existem alguns).
“Acho que quanto mais cedo começar melhor, né? Meu sonho é entrar no UFC”, responde Polly, que se inspira na conterrânea Cris Cyborg para se tornar uma profissional quando completar 18 anos.
Mas a idade não quer dizer nada quando o assunto é o nível dos treinos. Aliás, pode enganar bastante.
“Ela já treina igual ou mais do que muitos profissionais. Conheço alguns que não treinam tanto quanto a Polly. A vontade dela é muito grande e o treino não é moleza não, é intenso mesmo”, garante o mestre Jardel Evangelista.
“É uma menina diferenciada. Seu potencial de absorção de técnicas é incrível. Eu passo e ela já está fazendo”, completa o técnico, que aumentou a carga de treinos da pupila para mais de quatro horas na preparação para sua quinta luta de MMA, marcada para o dia 6 de maio, no Gladiator Combat Fight.
Incentivo caseiro
Apesar de ainda não saberem lidar com as emoções quando a filha luta, os pais Paulo Marcelo e Cristina são os maiores incentivadores da carreira precoce de Polly. Ambos praticam artes marciais e sempre estão presentes durante os treinamentos.
“Eu grito feito uma louca, é complicado ver a filha no ringue. Mas o que vou fazer se é o que ela realmente gosta, se é o que ela quer”, diz Cristina, que precisou “mover montanhas” para bancar a viagem da filha para a Tailândia, em março, para a disputa do campeonato mundial de muay thai e um período de 22 dias de treinamentos.
Ela foi atrás de apoiadores e conseguiu juntar os R$ 20 mil necessários. Pollyana enfrentou uma adversária dois anos mais velha e perdeu por decisão dividida. “Mas bateu muito mais na adversária”, recorda Jardel.
Nova Cyborg
Um ano atrás, na semana do UFC 198, em Curitiba, Polly e Cristina chegaram de madrugada à Arena da Baixada para conseguirem assistir aos treinos abertos — em especial o de Cristiane Justino.
Elas só não esperavam o que aconteceu. Cyborg chamou Polly para participar do treino (veja no último vídeo). Foi um dia inesquecível para garota que sonha em seguir os passos da lutadora mais temida do mundo.
“Acho que sou agressiva assim como ela. Pelo que falam eu bato forte”, brinca Polly, que já botou uma rival ‘para dormir’ no MMA.
“Dei um mata-leão e ela acabou apagando. Mas depois fui lá e dei um abraço nela. Hoje eu até tenho ela no WhatsApp”.
Veja Polly em ação: