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Do fundo do poço ao UFC: Um exemplo de como a luta superou o crack

Foto: Primeiro Round/Divulgação (Foto: )

Oito vitórias em oito lutas profissionais de MMA. Em apenas um ano e meio, a carioca Priscila Cachoeira construiu uma trajetória fulminante.

Foram quatro vitórias por nocaute — outras quatro por decisão do juízes –, sempre em torneios de pequeno ou médio porte no cenário nacional.

Nessa semana, aos 28 anos, ‘Pedrita’ coroou seu esforço diário na academia PRVT, em Niterói, ao assinar contrato para lutar na recém-criada categoria peso-mosca (até 57 kg) do UFC. Chegar ao maior evento do mundo é a concretização de uma virada impressionante na vida atleta de Jardim Bangu.

Entre os 16 e 23 anos, Priscila viveu diariamente no mundo das drogas. Entrou na “curtição” ao experimentar maconha com amigos, mas se afundou na cocaína e depois no crack.

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“Quando fui ver, estava muito fundo no poço. Não conseguia mais sair. A luta me resgatou. Me deu vontade de viver novamente, me fez sonhar novamente”, conta a lutadora, que conheceu o muay thai apenas quatro anos atrás.

“Se pudesse, voltaria no tempo e faria tudo diferente”, completa Pedrita, que estreia no UFC contra a americana Lauren Murphy, no dia 1.º de dezembro, em Las Vegas.

A rotina da carioca era decadente. Acordava, comia e saia de casa para comprar drogas. “Minha mãe dava dinheiro para me drogar e eu não entendia o porquê. Depois que fui resgatada, ela me explicou que não queria que eu chegasse ao ponto de me prostituir, nem roubar”.

Hoje companheira da paranaense Jessica Bate-Estaca na PRVT, Pedrita recorda o momento em que chegou ao fundo do poço.

“Fiquei no mato por três dias me drogando, sem banho, só me drogando. Era tipo uma cracolândia. Eu queria ir embora, mas não conseguia. Não tinha força nem para andar”, relata.

Não fosse a persistência da mãe, cabeleireira e mãe solteira de três filhos, o destino de Priscila hoje certamente não seria o UFC. Depois de encontrada naquela situação deplorável, a menina voltou para casa e começou a mudar o jogo.

Aula grátis

No dia seguinte, Priscila procurou uma academia perto de casa. Foi convidada para fazer uma aula grátis de muay thai, modalidade que havia praticado na adolescência. Tudo mudou a partir daquele momento.

“Fui fazer um sparring com a melhor menina que tinha lá. Cai na porrada, virei num helicóptero que só e bati na menina. Aí o professor perguntou se eu queria ser lutadora. Falei: ‘só quero largar as drogas, me ajuda?'”, recorda.

Em 2014, aos 23 anos, outro acontecimento foi crucial para superar a dependência. Priscila estava grávida de um menino, que seria batizado como Juan Marcello.

“Foi uma luta diária durante um ano. Lutando contra a vontade. No terceiro mês após conhecer a luta, cai por um dia [em tentação]. Meu primeiro mestre, Nael Pedra, foi lá me tirar e disse que não iria jogar uma carreira fora. Deus e meu filho me ajudaram a conseguir”.

Passado e futuro

O esporte estava na veia da lutadora desde cedo. Dos dez aos 16 anos, ela jogou vôlei pelo Fluminense. Porém, uma decepção a tirou do rumo certo.

“Me dedicava muito, mas acabei me frustrando quando me deixaram fora de uma partida em que o técnico da seleção brasileira de base iria me observar. Me colocaram no banco por alguma ordem superior. Foi uma rasteira em mim”, fala.

Abatida, a garota largou o vôlei depois do incidente. Depois, com as companhias erradas, foi atraída pelas drogas.

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Agora no Ultimate, Pedrita quer usar a própria história de superação para perseguir seus sonhos. E também para ser um exemplo de que nunca é tarde se levantar.

“Sempre lembro do meu passado. Me dá forças. Meu filho também me dá forças para vencer. Já fui tão frustrada que nada vai me abalar nesse caminho”, diz a atleta que está na PRVT, do mestre Gilliard Paraná, há cerca de um ano.

“Quero chegar ao cinturão do UFC. É uma escada. E o cinturão está onde quero chegar, no topo. Quero ser a número um”.

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