Em audiência repleta de momentos insólitos nesta quinta-feira (13), em Las Vegas, Anderson Silva foi punido pela Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC) com 12 meses de suspensão pelo doping por esteroides anabolizantes antes de sua última luta pelo UFC, em 31 de janeiro.
Como já cumpriu seis meses de suspensão preventiva, o lutador pode voltar a competir em fevereiro de 2016, caso apresente um exame que não detecte nenhuma susbstância proibida.
Além do tempo fora do octógono, o ex-campeão dos médios foi multado em US$ 200 mil (bônus da vitória), mais 30% do valor recebido para competir (US$ 180 mil), totalizando US$ 380 mil. O duelo contra Nick Diaz, então vencido por decisão unânime pelo brasileiro, agora virou um No Contest (luta sem resultado).
Bizarrices
A audiência foi repleta de momentos bizarros. Primeiro, Anderson alegou que tomou um estimulante sexual trazido por um amigo da Tailândia. O tal estimulante, que segundo Spider estava em uma garrafa azul e não tinha rótulo, teria sido utilizado pela última vez no início de janeiro.
Perguntado por que a substância não foi declarada no questionário pré-luta, ele ironizou. “Porque é um assunto pessoal. A gente toma estimulante sexual por quê?”, disse Anderson, que também teve problemas para soletrar, em português, o nome da pessoa que lhe deu a garrafa: Marcos Fernandes.
“Estávamos falando na academia sobre coisas de homem. Falaram que era bom, queria ver se era mesmo”, explicou o paulista radicado no Paraná.
A intérprete escalada pela NSAC também causou situações desconfortáveis, ao não traduzir literalmente o depoimento de Spider e tirando algumas falas do contexto. Tanto que Ed Soares, manager do lutador, foi chamado para ajudar — apesar do claro conflito de interesses.
Em outros momentos, o brasileiro causou alto ruído no sistema de som do tribunal ao simplesmente coçar o queixo com o microfone (!!!). Em outros, música alta tocou na sala via aparelho de teleconferência. Teve de ‘It Wasn’t Me’ (Não fui eu), de Shaggy, a ‘Me So Horny’ de 2 Live Crew.
Para piorar, assim que foi informado que o esteróide em questão sai do organismo em sete dias, fato que não bate com o resultado negativo do dia do combate, Anderson mudou seu depoimento e disse que usou o produto da garrafa azul (agora chamado por ele de Cialis, um remédio similar ao viagra) também na semana da luta.
“Se tivesse a noção de que iria dar todo esse problema eu não teria tomado. Mas todo mundo é passível de erro e não sou diferente de ninguém”, defendeu-se o lutador, que claramente não convenceu a NSAC.
“Acho que houve intenção de usar o produto para a ajudar na volta da lesão devastadora (perna quebrada). Estamos só brincando aqui”, resumiu o comissário Anthony Marnell, que questionou também a credibilidade dos outros exames antidoping feitos por Anderson Silva na carreira, já que Spider admitiu que esta foi a primeira vez que fez um teste-surpresa semanas antes de competir.