Peso-galo (até 61 kg) do UFC, John Lineker não tem medo de levar soco. Aliás, tomar porrada é o que mais o instiga a bater.
“Quanto mais soco levo, mais fico motivado, mais quero bater. É uma coisa minha”, explica o paranaense de 26 anos. “Não é que gosto de levar soco, mas é uma coisa que ativa o sistema. Fico animado para lutar”, continua.
Em suas duas últimas lutas no octógono, porém, Lineker extrapolou na quantidade de golpes recebidos. Foram 101 na vitória por decisão dividida sobre John Dodson — 50% deles na cabeça.
Já na derrota por decisão unânime para o ex-campeão TJ Dillashaw — somente a terceira em 13 combates no UFC –, ele absorveu 72 golpes significativos. Destes, 74% foram na cabeça.
Na somatória, 171 golpes. Apenas 25 a menos que nos cinco duelos anteriores juntos.
O acúmulo de pancadas pode não ter sido o vilão, mas foi exatamente nessa sequência que o brasileiro sofreu a maior lesão de sua carreira. Ainda no primeiro round da luta contra Dillashaw, dia 30 de dezembro de 2016, recebeu uma canelada no rosto.
No momento, apenas sentiu um “estalinho” que amorteceu a região. Após os 15 minutos de disputa, a dor começou para valer. Ele havia fraturado o côndilo mandibular do lado direito: a popular fratura na mandíbula.
Agora com uma placa de titânio no local, ele confia que resistência às pancadas será ainda maior. “O médico falou que não preciso me preocupar, que está ainda mais forte… Então eu falei: então vamos aproveitar e fazer no outro lado também?”, brinca.
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O que o lutador de Paranaguá realmente lamenta é a performance ruim na hora em que estava mais perto de se tornar o próximo desafiante ao cinturão. Faltou agressividade, característica que o fez conhecido no MMA.
A explicação, segundo ele, está na logística de treinos. Lineker fez parte da preparação na American Top Team, na Flórida, mas voltou ao Brasil para concluir o camp antes de viajar novamente para os Estados Unidos para competir.
Seu corpo não se adaptou às diferenças nos treinos, nem às viagens seguidas. E aí a cabeça também não focou totalmente no objetivo.
“Não é querer dar desculpa e não estou dizendo que iria ganhar. Mas se estivesse 100% seria diferente”, afirma.
“Não levaria as quedas da mesma forma [foram cinco no total]. Não estava com explosão, tanto que no vestiário eu reclamei que não estava sentindo minha potência. Não estava achando o tempo de queda dele porque estava cabreiro de levar outra canelada na cabeça. Isso atrapalhou um pouco. Fiquei com medo de perder até de maneira pior”, ressalta.
De volta aos treinos, o paranaense agora mira o retorno ao octógono em julho. Possíveis adversários? Essa não é a maior preocupação.
“Não tenho ninguém em mente, luto contra qualquer um. Não sei se vão me dar o Dominick Cruz ou Bryan Caraway, que já me desafiou. Mas não vejo a hora de voltar para consertar a imagem que deixei. Agora na versão titânio”.