Invicto em nove lutas profissionais de MMA, o paulista Killys Mota enfrenta o paranaense Alan Moziel na noite deste sábado (12), no Ginásio do Tarumã, pelo Brave 8.
E se tudo der certo para o lutador da CM System, ele volta a trabalhar já no dia seguinte, menos 24 horas depois entrar no octógono.
Segurança particular, o atleta de 26 anos está escalado para um turno de 12 horas no serviço. Afinal, é a vida dupla que paga as contas de verdade.
“Infelizmente não tem o que fazer. O mundo do MMA não dá o retorno que se espera. Tenho dois filhos, esposa. Tenho que trabalhar”, explica.
Nesta semana, Killys emendou a longa jornada entre segunda e terça-feira, das sete da noite às sete da manhã. Ganhou folga do patrão até sábado, um alívio para quem tem que cortar peso para chegar aos 70 kg da categoria leve.
Normalmente, sua rotina é insana. Após passar a noite em claro, ele vai para casa ao raiar do sol, troca de roupa e logo sai para deixar o filho na escola. Depois, o paulista de Registro treina das 10h às 12h, retorna para casa, almoça, descansa e volta para a academia às 15h.
Quando o segundo treinamento do dia acaba, já está na hora de buscar o pequeno Pietro, de quatro anos, na creche. E não acabou por aí. Se ele está de folga (sua jornada é 12x36h), não foge do treino de jiu-jítsu às 19h.
Por enquanto, sem dedicação total, Killys se considera mais lutador do que atleta. Seus resultados até aqui, no entanto, mostram o quão longe ele pode ir.
“Considero tudo isso como um investimento. Falo para minha mulher [Gisele] que tudo que estamos passando agora é para poder colher no futuro… Por enquanto vamos empurrando com a barriga. Se Deus quiser vou conseguir um contrato com um grande evento para poder viver da luta”, diz o segurança, que ganha R$ 1500 mensais — sem carteira assinada.
Para lutar, ele normalmente recebe entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. A bolsa do Fight2Night, em abril, foi exceção: R$ 4 mil, metade dela por ter nocauteado o experiente japonês Akihiro Gono. No fim, após os descontos, sobraram R$ 2,5 mil.
Mas como a renda proveniente do ringue é incerta (foram só duas lutas em 2016) e ele não tem patrocínio, ainda é impossível focar só no sonho. E sempre foi assim na vida do peso-leve.
Killys veio morar em Curitiba aos 16 anos. Sua intenção era arranjar um emprego e deixar para trás a rotina complicada na favela em São Paulo. “Era muito envolvimento com coisa errada, drogas. Vi que não teria futuro lá”, admite.
Na capital paranaense, Mota trabalhou como servente de pedreiro, soldador, e também em uma madeireira. Mas só conseguia se ver como lutador, paixão que desenvolveu desde criança quando assistiu a uma fita cassete do Pride.
Como amador, foram 25 lutas e apenas uma derrota. Depois de passar por várias academias em Araucária e na CIC, ele chegou à CM System há nove meses, onde espera dar o grande salto para mudar sua realidade.
“O Cristiano Marcello [técnico] é um cara que tem muito a agregar para mim, considero um paizão que me acolheu e está me guiando”, elogia.
Criado pela mãe, já falecida, Killys Mota só quer honrar o sobrenome de dona Maria Helena e construir um legado para os filhos.
Para isso, não há outro caminho, garante.
“Só a vitória te coloca pra frente, um degrau de cada vez. Se você perde, vai dez para trás, é muito injusto. Mas eu sei que vou escrever meu nome no MMA”.
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