O Atlético aumentou em R$ 50 a mensalidade para a modalidade Fan, que ocupa as arquibancadas inferiores do setor da Rua Buenos Aires na Arena. De R$ 100 passou para R$ 150. O objetivo é castigar a torcida organizada Os Fanáticos, mas o Furacão acertou mesmo é nos atleticanos mais pobres.
O acréscimo de 50% no compromisso mensal, de acordo com o clube, foi uma forma encontrada para “compensar” eventuais prejuízos financeiros proporcionados pela facção. E aí, em seu site oficial, o Rubro-Negro lista uma série de valores em reparações ocasionadas pela Fanáticos.
A começar por duas situações em 2013, as duas no Brasileirão. Uma briga num Atletiba, que rendeu perda de mando de campo, e multa de R$ 30 mil. E a selvageria em Joinville que, de acordo com o Atlético, trouxe prejuízo estimado em R$ 5 milhões.
É curiosa a cobrança porque, no final de 2015, ou seja, dois anos após o grave incidente em Santa Catarina, a atual gestão do Atlético, liderada por Mario Celso Petraglia e Luiz Sallim Emed, era aliada da Os Fanáticos na corrida eleitoral do clube.
Cartolas e torcedores posaram juntos para fotos, todos fazendo os gestos da organizada, entre sorrisos e abraços. Não transparecia que entre os dois havia uma dívida pendente de R$ 5 milhões. Ao contrário, o clima era absolutamente amistoso.
Enfim, embora seja bizarro (você sairia para jantar com alguém que deve milhões para você?), aceitarei, para a construção do texto, as justificativas do Atlético para o aumento da mensalidade. Ok, a Fanáticos acarretou prejuízo e, após carência de quase quatro anos, chegou a conta.
Mesmo assim, a medida é insensata. São muitos os torcedores que frequentam o setor Buenos Aires, o mais barato da Baixada, e que não fazem parte da torcida organizada. E são muitos mais os torcedores que têm cadeiras no setor e não tiveram absolutamente nada a ver com as confusões.
Atlético, Fanáticos e as consequências da majoração
O Atlético não fala abertamente, mas nem precisa. Evidentemente, a intenção para a majoração da mensalidade é outra. Primeiro, a disposição por sufocar a Fanáticos até a extinção da organizada. Depois, elitizar ainda mais o estádio, já elitizado e vazio.
E assim, o Furacão segue com uma Arena moderna, para 43 mil pessoas, que possui média de público de pouco mais de 15 mil pessoas no Brasileirão, ocupação pífia de 38%, aproximadamente um terço do Joaquim Américo. E daqui em diante, com menos rubro-negros entre os mais pobres.
