Há um equívoco recorrente quando se aborda a violência relacionada ao futebol. De que as pessoas que praticam tais atos não pertencem ao esporte, são “vândalos travestidos de torcedores” – ou “marginais”, “facínoras”, como queiram.
Entendo a força de expressão. Mas o clichêzaço, como sempre, enfraquece o debate. E faz com que a procura por soluções se torne mais difícil. Antes de tudo, é preciso encarar o problema de forma mais direta.
Que são criminosos, é somente o óbvio. Que fazem mal ao futebol, é igualmente evidente. Agora, é claro também que são figuras, sim, do futebol. Não estão “travestidos”, infiltrados. O esporte e a violência se misturam desde sempre, e não há indícios que um dia vão se separar.
Tomo como exemplo o caso recente do São Paulo. No sábado, o CT do clube foi invadido e jogadores atacados. Todos os agressores vestiam adereços do Tricolor e frequentam as arquibancadas do Morumbi.
Logo, por que não seriam torcedores do clube? Cantam, vibram, usam as cores dos clubes, assistem aos jogos na tevê, acessam os estádios pelo Brasil. Por que seriam “vândalos travestidos de torcedores”?
É fácil entender. Trata-los apenas como criminosos, como “intrusos” no esporte, facilita tremendamente as coisas. Fica parecendo que extinguir as torcidas organizadas, por exemplo, resolve a questão. Que a “volta das famílias” elimina o problema.
Claro que não é assim. É bem mais complexo. O futebol também inspira e provoca violência e, uma parte considerável de seus adeptos, está próxima de praticar ações repulsivas de toda sorte, especialmente quando em grupo. Entender o aspecto doentio do esporte é o caminho para melhorar as coisas.
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